Facção que punia com ‘salves’ e cobrava taxa sobre ouro é alvo de megaoperação em MT

Fonte:

A Polícia Civil deflagrou nesta terça-feira (16) a Operação Primatus para desarticular uma facção criminosa responsável por tráfico de drogas, homicídios e extorsões em Aripuanã (976 km de Cuiabá). Ao todo, foram expedidos 62 mandados judiciais, incluindo 26 prisões preventivas, 26 buscas e apreensões, quatro bloqueios de valores, quatro sequestros de veículos e a suspensão de duas empresas ligadas ao esquema.

As investigações, conduzidas ao longo de dois meses, revelaram que a facção tinha divisão de funções bem definida. Integrantes eram responsáveis por liderar o grupo, aplicar punições internas (“salves”), extorquir comerciantes, distribuir drogas e até realizar “controle de qualidade” dos entorpecentes.

O grupo também buscava legitimação social ao distribuir cestas básicas para famílias carentes. Os mantimentos, no entanto, eram comprados com recursos do tráfico ou pagos por pessoas coagidas a colaborar com a facção.

Extorsão no garimpo

Outro braço criminoso identificado atuava diretamente sobre garimpeiros e compradores de ouro. Os investigados cobravam até 2% sobre a venda do minério e também na negociação de áreas de exploração.

Além disso, ofereciam serviços de cobrança de dívidas particulares, retendo parte dos valores recuperados.

Design sem nome 2025 09 16T065854.945
Facção em Aripuanã usava ouro e cestas básicas para financiar crimes, aponta investigação. (Foto: PJC-MT)

Patrimônio bloqueado

Os mandados também atingiram o patrimônio da organização criminosa. Foram sequestrados quatro veículos de luxo — uma Dodge Ram, uma Toyota Hilux, uma Chevrolet Camaro e uma RAM 3500 — e bloqueados até R$ 1 milhão em valores.

As empresas investigadas, uma de terraplanagem e outra do setor alimentício, tiveram as atividades suspensas.

Design sem nome 2025 09 16T065917.152
Grupo criminoso em MT cobrava até 2% sobre ouro e ostentava carros de luxo. (Foto: PJC-MT)

Operação integrada

A ação foi coordenada pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Delegacia de Aripuanã, com apoio de cerca de 80 policiais civis, além da Core, Ciopaer e delegacias regionais de Alta Floresta, Guarantã do Norte, Juína, Sinop e Tangará da Serra.

Design sem nome 2025 09 16T065942.066

De acordo com o delegado Rodrigo Azem, responsável pela investigação, a operação permitiu mapear e identificar a atuação da facção na região. “Grande parte dos alvos já possui antecedentes criminais”, afirmou. (Primeira Página)