Decisão judicial que autorizou a Operação Ativo Oculto revela que o Comando Vermelho (CV) possui, atualmente, cerca de 30 mil integrantes em Mato Grosso. A ação policial que mirou lideranças da facção criminosa foi deflagrada na quinta-feira (23), pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado.
De acordo com a ordem judicial, expedida pelo juiz João Bosco Soares da Silva, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), a investigação tomou como base a atuação dos principais líderes da organização (orcrim).
“Cuida-se de medida vindicada pela autoridade policial para coleta de provas na investigação da organização criminosa, cujos líderes, segundo o apurado, vêm atuando com a utilização de familiares e pessoas próximas, inclusive, com a constituição de pessoas jurídicas no afã de ocultar, dissimular os proveitos dos diversos crimes perpetrados pelos integrantes à mando da orcrim, principalmente, o tráfico de drogas”, diz o Gaeco, no pedido à Justiça.
Entre os 30 mil membros, estão familiares e colaboradores. As informações foram obtidas com exclusividade pelo site Folhamax.
Desde a descoberta da atuação do CV no Estado, já foram deflagradas várias operações contra os criminosos, a exemplo da “Insurgentes”, “Ares Vermelho”, “Grená” e “Red Money”.
Na Operação Ativo Oculto, o Gaeco e as Polícias Civil (PC) e Militar (PM) cumpriram 271 ordens judiciais, entre mandados de busca e apreensão, prisão preventiva, prisão temporária, bloqueio de bens e valores, em Cuiabá, Várzea Grande, Mirassol D´ Oeste, Araputanga, Barra do Bugres, Arenápolis, Sinop e Rondonópolis.
Também foram cumpridas ordens judiciais em Mato Grosso do Sul e Rondônia.
A ação se fundamenta em investigação instaurada pelo Gaeco e visa à apuração de delitos de lavagem de dinheiro e ocultação de bens e valores auferidos em decorrência da atividade de uma organização criminosa.
No total, todo foram mobilizados mais de 600 policiais civis e militares. Entre os alvos, estão a mãe, Irene Rabelo Holanda, 78 anos, e a esposa de Sandro Louco, um dos criminosos mais perigosos de Mato Grosso.
Thaisa Souza Almeida Rabelo, conhecida no meio do crime como “esposa de Sandro Louco” ou “Patroa”, foi detida no Condomínio Florais de Mata, em Várzea Grande.
Ela é considerada como uma das lideranças do CV e mandante de crime encomendados pelo marido, que está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), na Capital.
Além de presa, Thaisa Souza teve contra si uma ordem de sequestro de bens. Com isso, os policiais levaram uma caminhonete Hilux de cor vermelha e um quadriciclo.
As investigações apontam que ela, além de ser a voz da facção criminosa do lado de fora do presídio, também lavava dinheiro e fazia girar os recursos do grupo para poder ter como comprovar ganhos.
A mãe de Sandro Louco teve mandando de busca e apreensão cumprido.
Outros alvos foram o tesoureiro do CV, Luiz Fagner Gomes Santos, conhecido como “Passat”, e a esposa dele, Juliana Souza Amorim.
Conforme informações, além de Sandro Louco, as principais lideranças já estavam presas e receberam novos mandados de prisão dentro do sistema prisional.
São eles: Renildo Silva Rios, considerado um dos fundadores do Comando Vermelho no Estado, Abrãao Lincon, Robson José Ferreira de Araújo, o “Carcaça”, e Leonardo dos Santos Pires, o “Sapateiro”.
Vale destacar que Sandro Louco é considerado um dos bandidos mais perigosos de Mato Grosso.
Ele foi condenado por vários crimes, entre eles latrocínios, e exerce grande poder sobre a criminalidade em Mato Grosso, sendo respeitado tanto dentro como fora do sistema prisional.
Sandro foi condenado à pena unificada de 205 anos e nove meses de reclusão, pela prática dos crimes de desacato, falsificação, roubo, homicídio, latrocínio, sequestro e cárcere privado e posse ou porte de arma de fogo.
Fonte: Diário de Cuiabá