Ex-diretor e ‘Marreta’ são condenados por entrada de celulares na PCE

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A Justiça condenou o ex-diretor da Penitenciária Central do Estado (PCE) Revétrio Francisco da Costa e o reeducando Luciano Mariano da Silva, popularmente conhecido como “Marreta”, após entrada de um freezer “recheado” de celulares na unidade prisional.

A entrada dos aparelhos celulares ocorreu em 6 de junho de 2019. Posteriormente, no dia 18 daquele mês, Revétrio, Luciano e mais 5 homens que teriam participado da ação foram alvos de mandados de prisão deflagrados no âmbito da Operação Assepsia.

Desde a divulgação de vídeo mostrando a entrada dos 86 celulares, que teriam como destinatários membros da facção criminosa Comando Vermelho, o processo foi desmembrado e a condenação do ex-diretor e Marreta foi feita no dia primeiro deste mês.

Conforme a setença, assinada pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Ana Cristina Mendes, Luciano foi condenado a 14 anos e dois meses de prisão enquanto Revétrio deverá cumprir 11 anos e 6 meses de reclusão em regime fechado.

Dentre os crimes que somaram para a pena final dos condenados estão introdução de celular em presídio, integração de organização criminosa e corrupção passiva.

O caso

Conforme consta na denúncia, no dia 6 de junho de 2019, por volta das 13h, os portões da PCE se abriram e uma camionete Ford Ranger Preta ingressou na unidade levando sobre a carroceria um freezer branco “recheado” de celulares.

Os ocupantes do veículo não foram identificados por determinação dos diretores. O equipamento que deveria ser colocado na sala do diretor acabou sendo disponibilizado em um corredor.

No mesmo dia, os 3 policiais militares denunciados também estiveram na penitenciária à paisana com um veículo Gol, estando um deles com duas sacolas cheias de objetos não identificados nas mãos.

“Os três policiais entraram na sala de Revetrio, e em seguida Revetrio ordenou que trouxessem para aquela sala o preso Paulo Cesar e ficaram ali, em reunião bastante informal, por mais de uma hora com o aludido preso. Estavam tratando do que? O freezer recheado de celulares era destinado a Paulo Cesar”, diz a denúncia.

Em depoimentos prestados à polícia, um dos líderes do Comando Vermelho revelou que durante a reunião eles falaram o tempo todo sobre a entrada do freezer com os aparelhos celulares.

Também foi relatado que no interior da sala havia sido combinado o pagamento de parte dos lucros obtidos com a comercialização dos celulares dentro do presídio (promessa de recompensa).

O esquema, conforme o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, foi descoberto após a troca do pessoal da guarda.

Sem saber que o freezer seria levado diretamente para a sala do diretor, a agente ordenou que passasse pelo scanner, quando foram encontrados 86 aparelhos celulares, carregadores, baterias, fones de ouvido, todos escondidos sob o forro da porta do freezer, envoltos em papel alumínio para fins de neutralizar a visão do scanner.

De acordo com a denúncia, no momento do desmonte do freezer, os policiais do Gerência de Combate ao Crime Organizado promoveram a apreensão de todos os equipamentos encontrados e das imagens de câmeras internas.

Também foi realizada a oitiva de todos os envolvidos. Com as diligências policiais, descobriu-se que a camionete que trouxe o freezer pertencia a Luciano Mariano da Silva, o Marreta, e estava sendo utilizado por amigos de facção.

Fonte: Gazeta Digital