Um dos “moradores” mais valiosos do Parque Estadual do Cristalino, em Mato Grosso, o macaco-aranha-de-cara-branca acaba de entrar para uma triste lista: a das espécies de primatas no mundo que correm riscos de extinção.
Na quarta-feira (31), foi divulgado o relatório Primates in Peril (Primatas em Perigo), assinado pela Sociedade Internacional de Primatologia, que recomenda atenção às possíveis ameaças ao macaco, já raramente encontrado no Estado.
A divulgação da lista dos 25 primatas mais ameaçados do planeta fez parte da programação do XIX Congresso Brasileiro de Primatologia, realizado em Sinop.
Parque Cristalino II
No caso do macaco-aranha-de-cara-branca, a lista o cita entre as espécies que mesmo não estando no “top 25” correm riscos e ameaças graves em suas localidades. Uma situação que pode ser agravada com a decisão da Justiça Estadual que revogou o decreto que criou o Parque Cristalino II.
O Ministério Público de Mato Grosso recorreu da decisão, mas, pouco mais de uma
semana depois, um incêndio de grandes proporções foi registrado na área, o que atesta a
importância de manter o local como Unidade de Conservação.
O biólogo e professor associado da UFMT de Sinop, conselheiro do Instituto Ecótono e presidente da SBP, Gustavo Rodrigues Canale, já havia alertado sobre os riscos de extinção da espécie.
“Logo após os incêndios no Parque, nas últimas semanas, recebemos no Hospital Veterinário da UFMT de Sinop, um macaco-aranha-de-cara-branca eletrocutado. Isto porque o fogo afugenta os animais que conseguem escapar da floresta, mas eles acabam correndo outros riscos inerentes à urbanização. Eles usam a fiação, se aproximam das casas, além de ficarem sem alimentos, porque muitos frutos, insetos, invertebrados também são queimados nestes incêndios.”
Redução da população
De acordo com o relatório internacional, a redução da população desta espécie é superior a 50% nos últimos 45 anos. O cenário pode agravar-se ainda mais com a expansão de construção de hidrelétricas, barragens e rodovias, além da “savanização” de florestas amazônicas.
O documento alerta que os longos intervalos entre partos (até 30 meses), além da tardia idade para reprodução destes macacos, como uns fatores que dificultam a sua recuperação.
“Ele entrou como recomendação, por sua importância mundial. É uma espécie que precisa ser conservada. A presença da fauna e de primatas é fundamental para manter a saúde das florestas. Infelizmente, estão botando fogo em nossos ativos, no que poderia representar em recursos, como projetos de ecoturismo, por exemplo”, acrescenta Gustavo Canale, do Instituto Ecótono e Sociedade Brasileira de Primatologia.
Além do macaco-aranha-de-cara-branca, em Mato Grosso também está o zogue- zogue, classificado entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo. No Brasil, quatro espécies entraram para a lista internacional, sendo eles: o caiarara, na Amazônia, e o bugio-ruivo e o sagui-da-terra, encontrados em porções da Mata Atlântica, no sudeste do país.
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Fonte: O Livre/Assessoria