Há quatro meses enfrentando a seca, as primeiras pancadas de chuva sobre a Capital Cuiabá devem ser marcadas pelo fenômeno da ‘chuva preta’ já na semana que vem. O site Repórter MT conversou com o doutor em Climatologia e coordenador do Laboratório de Climatologia Geográfica da Universidade Nacional de Brasília (UNB), professor Rafael Rodrigues de França, que explicou que a cidade enfrentará esse fenômeno devido a uma substância que vem das queimadas.
“Há sim [risco de cair chuva preta], porque, de fato, tem sido um ano excepcional do ponto de vista dos incêndios florestais. O produto resultante dessas queimadas, desses incêndios, vai para a atmosfera”, aponta Rafael.
“A chuva lava a atmosfera. Quando ela faz essa lavagem ela transporta tudo isso que está em suspensão, todo esse material particulado suspenso. Tanto é que depois da chuva a atmosfera fica límpida, o ar fica bem agradável, a qualidade do ar melhora muito”, continua.
Especialista explica que chuva preta é causada por incêndios florestais.
Mato Grosso enfrenta uma situação caótica por conta dos incêndios florestais, o que tem deixado cidades como a Capital cobertas por fumaça, que gera essas substâncias tóxicas e transporta para as nuvens.
O professor-doutor explica que essa substância oriunda da queima da biomassa vegetal se chama reteno, originário dessa fuligem dos incêndios florestais, sendo um hidrocarboneto que gera a coloração escura. O seu acúmulo no céu causa o que chamamos de chuva preta.
“Esse produto [reteno] na atmosfera certamente, no momento em que as primeiras chuvas caírem, ele vai se precipitar com a água. Há um risco grande, pois esse material produto das queimadas, dessa queima da biomassa vegetal, principalmente, é muito tóxico”, ressalta.
“Essa época do ano é terrível nessa região. Eu até me solidarizo porque não é fácil mesmo. À medida que a fumaça se mantém, a população vai para os hospitais, adoece”, disse.
Fonte: Repórter MT