Especialista alerta para sequelas crônicas graves da chikungunya

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As sequelas da chikungunya estão provocando uma busca jamais vista por reumatologia, nos centros públicos e consultórios em Mato Grosso.

O presidente da Associação Mato-grossense de Reumatologia (Assomater), Maurício Raposo Medeiros, diz que o vírus da chikungunya tem preferência pelos ambientes das articulações do corpo.

Nos primeiros 15 dias, primeira fase da doença, os sintomas surgem mais com dores no corpo, cabeça, febre, entre outros.

A partir da segunda semana, alerta ele, pode começar a causar danos no aparelho músculo esquelético.

Nessa etapa, já é possível iniciar um tratamento voltado ao combate às inflamações e possíveis danos articulares.

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Maurício - epidemia

O presidente da Associação Mato-grossense de Reumatologia assinala que é necessário chamar a atenção da população lembrando sobre os riscos de contaminação pelo mosquito

Após 90 dias dos primeiros sintomas, que é quando muitos pacientes chegam nos consultórios, entre 50 e 60% deles já apresentam inflações graves.

“Nessa fase identificamos danos significativos em tendões e ossos, algo semelhante aos que acontecem com as doenças reumáticas”, explica o especialista.

Além de despertar doenças que podem se tornar crônicas, a chikungunya piora o quadro de asma, hipertensão e diabetes e outras enfermidades.

“Com o passar do tempo o vírus pode ser eliminado do corpo, mas é necessário que os pacientes recebam acompanhamento médico para reavaliação e, se for o caso, remanejamento da medicação”, orienta Maurício Medeiros.

O presidente da Associação Mato-grossense de Reumatologia assinala que é necessário chamar a atenção da população lembrando sobre os riscos de contaminação pelo mosquito.

“Não há vacina e nem remédio que atue diretamente no tratamento da doença, então, a saída é a prevenção”, reforça.

O presidente da Associação Mato-grossense de Reumatologia (Assomater), Maurício Raposo Medeiros Foto: Reprodução/Diário de Cuiabá

Maurício Medeiros diz que “a briga contra o mosquito é diária; precisamos combatê-los todos os dias”.

Sobre a dificuldade de atendimento em reumatologia narrada por pacientes, Maurício Raposo Medeiros diz que é consequência do número reduzido de profissionais nesta especialidade.

De acordo com ele, em Mato Grosso são 35. No Brasil, um país com 5.500 municípios, o número não passa de 2,5 mil.

E, segundo ele, a maioria dos 35 que atuam em Mato Grosso está na capital, Cuiabá, e em Rondonópolis.

Portanto, a maior parte do Estado não tem acesso à especialidade em suas regiões.

A reumatologista Cláudia Marques, coordenadora da comissão de Ensino e Educação da Sociedade Brasileira de Reumatologia, diz que há poucos profissionais porque, além de ser uma especialidade difícil, que exige muito estudo, não é financeiramente tão atrativa.

“Outras especialidades com maior retorno financeiro são mais procuradas”, observa Cláudia Marques.

No sistema de saúde pública, o reumatologista praticamente não aparece na lista de especialidades.

“Não se faz concurso para reumatologista. Não é uma área da medicina vista como prioridade”, reclama a coordenadora de Ensino da SBR.

Conforme ela, na rede pública de saúde há um entendimento de que o ortopedista pode dar conta, atender os casos que deveriam ser da reumatologia.

“Na verdade, nosso trabalho tem mais proximidade com a clínica médica”, esclarece Cláudia Marques

Já os planos de saúde, não oferecem a especialidade porque pagam muito pouco.

“Nossa consulta é demorada, a primeira não se faz com menos de uma hora. No plano de saúde teríamos de atender quatro pacientes nesse tempo”, completa.

REUMATOLOGIA – Na rede particular, o valor de uma consulta com reumatologista pode variar de R$ 500 a 600.

A reumatologia é uma especialidade da medicina que lida com todas as doenças do aparelho músculo esquelético, sejam elas inflamatórias, autoimunes e degenerativas. (Fonte: Diário de Cuiabá)