Escritórios do crime facilitam ação de golpistas em Cuiabá

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Crimes de estelionato, fraudes e falsificações já representam maioria dos registros policiais em Cuiabá, superando furtos e roubos. Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) mostram que, entre janeiro e setembro, eles somaram 9.434 registros contra 2.106 de roubos (+347%) e 6.728 de furtos (+40%). A modalidade criminosa ganhou fôlego durante a pandemia do coronavírus e as plataformas de compra e venda e aplicativos de celulares têm sido o principal meio de captação das vítimas.

Com isso, a ‘indústria do golpe’ cresce fazendo vítimas diariamente e mostra que as organizações criminosas migraram para esta modalidade de ação. Se antes os golpistas atuavam de dentro de unidades prisionais, hoje mantêm escritórios estruturados, com equipes que atuam 24 horas.

O golpe do intermediador de vendas é um dos mais aplicados, assegura o delegado Marcelo Carvalho, adjunto da Delegacia Especializada de Estelionato e Outras Fraudes de Cuiabá. O criminoso utiliza um anúncio de venda em site oficial e idôneo e se coloca entre o vendedor do bem e o possível comprador. Para cada um deles conta uma versão, pedindo a ambos para que o mantenha incógnito na negociação. Com isso, acaba fornecendo uma conta bancária da associação criminosa para receber o valor do bem. O golpe é descoberto quando vendedor e comprador conversam entre si, mas a partir desse momento, é muito difícil resgatar o valor já pago.

Por isso, a orientação é que nenhuma das partes aceite intermediadores na venda ou compra de veículos ou qualquer outro bem. Sempre devem conversar abertamente entre si, enfatiza Carvalho. Alerta ainda que hoje dados pessoais, como números de documentos e endereços das vítimas, são facilmente obtidos pelos criminosos. Por isso, a mera apresentação deles não significa que quem está oferecendo a vantagem é fonte confiável.

Marcelo Carvalho cita que somente no último mês quatro servidores públicos procuraram a unidade depois de caírem no golpe da portabilidade ou compra de dívida. O golpista contata a vítima apresentando todos os dados bancários dela em empréstimos já parcelados. Oferecem uma proposta de renegociação muito vantajosa, com quitação de boa parte da dívida. Mas, para isso, o correntista precisa fazer um novo financiamento e ‘pagar’ o novo acordo. É quando ele aceita a proposta, faz um novo empréstimo e o dinheiro é depositado na conta da associação criminosa. Ao final, o servidor fica com mais uma dívida para pagar, além das anteriores. Carvalho afirma que ele mesmo já foi procurado por criminosos oferecendo o ‘serviço’.

Outra orientação é que não se deve fornecer nunca a foto de verificação, que seria a senha digital eletrônica para sites suspeitos ou enviar este dado via Whatsapp. Isso porque o mecanismo de segurança criado para proteger o usuário das redes sociais, ao cair em mãos de golpistas, vai validar operações fraudulentas, resultando em prejuízos. Normalmente, a foto de verificação é exigida por bancos digitais, para fornecer maior segurança de operação aos clientes.

Fonte: Gazeta Digital