Emanuel vai recorrer de lockdown se a medida não valer para todo o Estado

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Mostrando gráficos que apontariam para uma eventual “certa estabilidade” da propagação do coronavírus em Cuiabá, Várzea Grande e região metropolitana, e o crescimento da doença no interior, o prefeito da capital, Emanuel Pinheiro (MDB), defendeu nesta terça-feira (23) que o “lockdown decretado pela justiça nesta segunda-feira seja obrigatório a todo estado de Mato Grosso”.

Pinheiro afirmou em vídeo de 20 minutos postado nas suas redes sociais no final do dia que “só assim conseguiremos diminuir a taxa de ocupação de leitos na capital, que tem em média 60% de pacientes do interior do Estado”. O site oficial da prefeitura foi mais específico ao afirmar que, “caso o pedido não seja atendido, a Prefeitura de Cuiabá entrará com um recurso para que seja revisto o ato do magistrado titular da Vara Especializada da Saúde Pública de Mato Grosso”.

Num tom de discurso político, o prefeito afirmou ao final do vídeo que “a posição de Cuiabá é a seguinte. Eu defendo que as autoridades de uma forma em geral decretem o lockdown em todo o Estado de Mato Grosso – aí sim estaríamos fazendo justiça com a minha Cuiabá, com a nossa gente cuiabana e com Várzea Grande. Aí sim poderíamos, com mais eficiência e juntos, combater a propagação da covid-19. Caso contrário, se isso não ocorrer, amanhã nas primeiras horas eu pretendo recorrer da decisão do juiz Lindote, da minha gente cuiabana”.

A tese do prefeito de Cuiabá é que enquanto os casos de coronavírus se estabilizariam na região metropolitano, apresentariam movimentação inversa, crescendo no interior do Estado. Ele chegou a afirmar que dos mais de 90 leitos de UTI exclusivos para coronavírus que sua administração criou na Capital, cerca de 60% são ocupados para pacientes do interior do Estado.

“Ora, se 60% desses leitos são ocupados por moradores do interior do Estado, qual o sentido em impor esse lockdown em Cuiabá e não nas cidades do interior do Estado, que ainda não possuem estrutura de saúde?!”, questionou.

Lembrando que o lockdown impõe prejuízos econômicos à cidade, Emanuel Pinheiro afirma no vídeo que a decisão judicial “vai punir Cuiabá e vai deixar o interior aberto? Qual a lógica disso”, indagou. “Não faz nenhum sentido”, respondeu ele mesmo.

O  prefeito também criticou as barreiras sanitárias entre as cidades de Cuiabá e Várzea Grande, reforçou que as duas cidades passaram a trabalhar em conjunto nos últimos dias, e que as próprias medidas e ações públicas melhoraram desde o início da pandemia, o que, segundo ele, não teria sido observadas no decreto estadual de classificação de risco.

O prefeito evitou qualquer crítica direta ao poder judiciário e não chegou a mencionar diretamente o governador Mauro Mendes, mas se disse vítima de uma “campanha de fakenews” que espalhou inverdades sobre as ações da prefeitura, especialmente quanto a implantação do número de leitos de UTI.

O prefeito também criticou o fato de o lockdown ter sido decretado sem que fossem avaliadas as últimas medidas tomadas pela prefeitura, como o toque de recolher, entre outras, e defendeu que a medida, por si só, é inócua. “Decretar o lockdown em Cuiabá e Várzea não significa o esvaziar os leitos de UTI do dia para a noite e nem vai significar que as pessoas não virão do interior do Estado para Cuiabá – não existe leitos de UTI no interior do Estado, lá não foi preparado para isso”.

NOVAS MEDIDAS

No final do vídeo o prefeito anunciou que vai fechar bares, porque “exageram e desrespeitaram o decreto”; manter restaurantes abertos, com regras de biosegurança; ampliar a comunicação para conscientização da população a partir de julho; e avaliar a distribuição de kits de medicamentos para tratamento precoce da doença, “que ainda que não há consenso, mas quero tudo aquilo que possa salvar a minha gente”.

Fonte: Hipernotícias