Em carta divulgada neste sábado (18), Cacique Raoni e representantes de 45 povos indígenas de todo o Brasil denunciam a política adotada pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido) em relação ao meio ambiente e aos nativos, definida pelo documento como ‘genocida, etnocida e ecocida’. A carta é fruto do ‘Encontro Povos Mebengokrê’, que reuniu cerca de 600 participantes na terra indígena Capoto/Jarinã, no município de Peixoto de Azevedo, a 692 km de Cuiabá, entre os dias 14 e 17 de janeiro.
A carta aborda diversos aspectos como permissão de atividades em territórios indígenas, violência, proteção às florestas e saúde dos povos. Os indígenas reivindicam que sejam consultados em projetos que possam impactar suas vidas, em uma referência às últimas declarações do presidente, que chegou a afirmar que já tem um projeto pronto para permitir atividade garimpeira e pecuária em territórios indígenas.
“Nós não aceitamos garimpo, mineração, agronegócio e arrendamentos de nossas Terras, não aceitamos madeireiros, pescadores ilegais, hidrelétricas e outros empreendimentos como Ferrogrão, que venham nos impactar de forma direta e irreversível”, diz um trecho do documento.
O documento ainda afirma que o discurso de investidas contra os povos indígenas adotado pelo chefe do Executivo tem alimentado ataques de determinados setores da sociedade e resultado em violência, morte de lideranças e invasão de seus territórios. “Hoje temos que nos preparar para enfrentar não só o governo, mas também reagir à violência de alguns setores da sociedade, que expressam de forma clara o racismo, simplesmente pelo fato de sermos indígenas”, afirmam.
O manifesto ainda afirma que indígenas que ocupam cargos no governo federal não são reconhecidos pelos povos originários, pois não representam seus interesses. Há também um conclame de mobilização e apoio nacional e internacional às pautas étnicas e ambientais.
“Concluímos com certeza de que 2020 será um ano de muita luta e convocamos todos os parceiros e parentes dos Povos Indígenas no Brasil e no exterior para um anos de muitas mobilizações, onde devemos estar presentes com a força de nossos ancestrais em Brasília e nas ruas de todo o mundo”, finalizam.
Fonte: PNB Online