Em Cuiabá, Luiza Brunet diz que as mulheres vêm abrindo novas frentes pelo poder

Fonte:

Uma das convidadas especiais do II Seminário da Virada Feminina em Mato Grosso, a modelo Luiza Brunet revelou – com exclusividade ao site O Bom da Notícia – sobre a importância da luta da mulher pela equidade e poder.

Ao lançar, oficialmente, em Mato Grosso, esta semana, a campanha nacional ‘Pelo Fim da Violência contra a Mulher’, em encontro realizado no Teatro Zulmira Canavarros, na Assembleia Legislativa. Junto a magistradas, empresárias, prefeitas, vereadoras, secretarias municipais, primeiras-damas e delegadas, enfim, mulheres que durante toda a semana se reuniram no Legislativo estadual – recebidas pela deputada emedebista, Janaina Riva -, para discutirem alternativas públicas e políticas para reduzir a desigualdade de gênero. E desenvolver projetos ligados ao empoderamento feminino e, sobretudo, saída exequíveis no enfrentamento à violência doméstica.

Aos 59 anos, a modelo se orgulha de ser hoje uma inspiração para muitas brasileiras, não só pela beleza madura mas, sobretudo, pela luta em favor de pautas femininas que a tem levado a realizar palestras e rodas de conversa em vários estados.

Após longa sessão de fotos com as participantes do seminário, sem um só momento parecer se cansar de sorrir, abraçar e agradecer, Brunet diz que a maturidade lhe ‘tem feito muitíssimo bem’ e que nunca se sentiu ‘tão bonita e tão absolutamente completa e inteira’.

“Acho que a idade faz bem às mulheres. Pois a passagem do tempo nos leva a assimilar uma série de situações, por conta das experiências que a vida nos proporciona. Nos obrigando a reavaliar, inclusive, não repetir erros. Sou agradecida demais ao tempo, me sinto muito maravilhosa, completa. Vou fazer 60 anos em maio, e acho que estou no meu melhor momento por conta das escolhas que fiz. Assim apontaria esta maturidade como responsável por algumas belas viradas de chave em minha vida. Como ser mãe pois é uma coisa que me deu muita felicidade. Além do imenso poder que a gente ganha na vida madura. Principalmente, quando escolhemos trabalhar com pautas femininas. Debater e buscar alternativas para enfrentar a violência doméstica. Dizer para mulher o quanto ela é importante para a sociedade, o quanto ela é valorosa. E que o empoderamento feminino pode tirar a mulher de uma situação de risco, caso ela queira.

Luiza Brunet se tornou conhecida do público na década de 1980, quando virou modelo exclusiva das calças Dijon. Depois, durante anos, passou a estampar diversas campanhas e a fazer inúmeros desfiles. Hoje Brunet anda pelo país, convidada à participar de fóruns e seminários em que a mulher é o tema principal.

(Foto: O Bom da Notícia)

THAÍS - MARISA - VIRADA FEMININA.jpg

 II Seminário da Virada Feminina em Cuiabá, no Teatro Zulmira Canavarros, na Assembleia Legislativa

Em pautas como a luta, sem tréguas, para colocar um fim aos feminicídios. E as estratégias que vários coletivos femininos vêm buscando pelo fim das agressões e mortes e, claro, pelo empoderamento da mulher.

Em Cuiabá, ela mostrou sua preocupação pelo alarmante índice de assassinatos femininos no Estado, comumente, por seus companheiros.

Apontando ainda outros estados onde realiza, igualmente, discussões acaloradas, baseadas em estudos que chamam a atenção também pelas suas subnotificações de casos, o que continua sendo um problema para conhecer a extensão de mulheres que sofrem com algum tipo de violência no Brasil.

O 15° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho deste ano – pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública -, aponta Mato Grosso com a maior taxa de feminicídio, no país. De todos os homicídios de mulheres registrados no estado, 59,6% são classificados como feminicídio. Outro estado em que estes índices são alarmantes, é o Ceará.

Feminicídio é o assassinato de uma mulher cometido devido ao fato de ela ser mulher ou em decorrência da violência doméstica. Foi inserido no Código Penal como uma qualificação do crime de homicídio em 2015 e é considerado crime hediondo.

“O mais preocupante não são índices somente de Mato Grosso, mas outros estados que lideram pau a pau nesse gênero de violência, como o feminicídio. Aliás, este é um problema global. O que estamos vivendo é uma verdadeira pandemia contra a mulher. Ocorrendo em pleno século 21, quando observamos tantos avanços tecnológicos e ainda precisamos enfrentar este tipo de situação que é um problema estrutural. Então, acredito que a gente tem que usar a nossa voz através de vocês jornalistas, para poder chegar a mensagem, principalmente às mulheres que permanecem invisibilizadas, sem seus direitos reconhecidos”.

Pontuando ainda que estas rodas de conversa não surgem em uma competição de gêneros, mas para marcar posição e garantir que as mulheres também tenham direito ao espaço de poder.

“Não é uma competição, não é ser igual aos homens. Lutamos para garantir nossos direitos. Para valida-los junto à sociedade civil. Por isto acho super importamente a virada feminina. Pois enaltece as mulheres na área que ela escolheu ficar. E, igualmente, acredito que para ganharmos mais espaços precisamos de mais mulheres na política. Claro, acho ainda que este é um processo lento, mas estamos pavimentando várias estradas, abrindo todos os dias novas frentes para mudar nossos destinos”.

Fonte: O Bom da Notícia