Com o projeto de voltar a ser um clube grande no cenário regional, chegar à segunda divisão do futebol brasileiro e recuperar sua grandeza após chegar ao fundo do poço nas duas últimas temporadas, o Mixto deu início a um novo ciclo em sua história. A diretoria do clube, que já está há dois anos na segunda divisão do futebol local, assinou, nesta quarta-feira (23), o contrato que estipula metas pré-estabelecidas com os novos investidores do clube – João Dorilêo Leal, atual proprietário do Grupo Gazeta de Comunicação e o ex-senador Antero Paes de Barros – que deram entrevista coletiva para anunciar a parceria.
Dorilêo e Antero irão gerenciar o departamento de futebol do Alvinegro, em um modelo de negócio distinto do que foi firmado recentemente por times como Cruzeiro, Vasco e Botafogo. Entre os objetivos do acordo – que tem prazo de dez anos -, está colocar o Tigre na Série C do Brasileirão dentro de seis anos. Na entrevista coletiva que serviu para o anúncio da parceria, os investidores estarão fincados no Mixto, com a injeção financeira e busca por patrocínios.
O presidente do clube, Vinicius Falcão, afirma que será criada uma Sociedade Anônima do Futebol para gerir a parte esportiva. A empresa que será gestora ainda está em fase de elaboração, segundo Falcão: “Eles criam isso para buscar recursos. Mas o Mixto continua, os atletas serão registrados no CNPJ do Mixto. Tributariamente e contabilmente falando, é melhor a SAF. Então a SAF fica paralela para fazer essa gestão de captação. E o Mixto continua como um clube associativo, com seus conselhos e administrando os passivos, que hoje nós controlamos. Estamos fazendo várias situações jurídicas para tentar sanar as dívidas”.
Expectativa de sucesso
O dirigente espera muito da parceria: “Vamos ter o Dorilêo e o Antero para captar recursos para destinar ao futebol. Em contrapartida, ele vai destinar dinheiro para pagar as dívidas, que é o que está combinado no contrato. Eles chegam como parceiros e acredito que, no fim, possamos quitar as dívidas e pensar num modelo de SAF. O que a gente espera é que esse grupo investidor conduza o Mixto a alcançar pódios maiores. O conselho aprovou por aclamação essa parceria. Agora, vamos fazer a transição e passar o que deve ser feito. Em março, acredito que o time já deve estar montado para que o Mixto alcance a primeira divisão do Estadual. A meta é sair da segunda divisão imediatamente”, disse Vinícius Falcão.
Conforme o contrato, 20% de toda receita auferida seja repassada ao Mixto para quitar os compromissos financeiros. A nova parceria assume 100% de todas as despesas com o futebol, entre salários, montagem de elenco, equipe técnica e demais fatores ligados ao esporte.
Reconstruir história do clube
Dorilêo Leal explica que, a partir do momento em que as dívidas forem sanadas, será possível ampliar o projeto para tornar em clube-empresa: “A parceria que estamos firmando com o Mixto hoje não é nos moldes que acontece no Cruzeiro, Vasco e Botafogo, que são clube-empresa. Lá, compraram o clube. Nós vamos comprar o que do Mixto? Absolutamente nada, a não ser ter o nome do Mixto para a gente tentar reerguer e reconstruir a história do clube no futebol estadual”.
E não é só o futebol masculino. O acordo inclui o gerenciamento das categorias de base e feminina: “A base do Mixto inteira será nossa. Vamos tentar fazer paralelo com o time profissional, com o trabalho de revelação de valores para ao longo dos anos amenizar os custos de formação de equipe”, disse Dorilêo.
Um dos focos é buscar novas formas de receitas, marketing e patrocínios para tornar o Mixto um clube saudável financeiramente: “Vamos usar a nossa criatividade para trazer ao Mixto recursos suficientes para dar essas conquistas que nós acreditamos serem possíveis. Hoje, temos o grupo Gazeta que vai possibilitar através da mídia, oferecer aos patrocinadores alguma vantagem adicional para que eles possam patrocinar o Mixto”, afirmou.
As metas já estão no papel. Inicialmente, o primeiro objetivo é colocar o Alvinegro na primeira divisão do Campeonato Mato-grossense, para assim buscar vagas em competições nacionais. “Com seis anos, nós estamos nos comprometendo a tentar chegar na Série C do Brasileiro. E no transcurso do contrato, estar na Série B”, afirma Dorilêo.
Clube-empresa
A aprovação do novo modelo aconteceu em assembleia realizada na manhã do último domingo (20). Ficou definido que o maior campeão mato-grossense – com 24 títulos estaduais – será comandado pelo empresário João Dorilêo Leal, proprietário do Grupo Gazeta do Comunicação e o ex-senador, radialista e jornalista, Antero Paes de Barros.
O contrato prevê metas de acesso à elite do futebol, investimento na estrutura, categorias de base, pagamento e negociações de dívidas. O Tigre da Vargas é o segundo time mato-grossense a se tornar um clube-empresa. A Lei 4.193/21 autoriza os clubes do futebol brasileiro a se transformarem em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), considerada como um caminho para sair da crise e se reestruturar financeiramente.
A lei prevê que as SAFs poderão pedir recuperação judicial, negociando as dívidas através do Poder Judiciário, além da permissão para emissão de debêntures como forma de financiamento para atrair investidores.
Temporada 2022
O Mixto disputa a segunda divisão mato-grossense nesta temporada. O Alvinegro integra o Grupo B da competição, junto com Atlético-MT, Campo Novo do Parecis, Operário F.C Ltda e Sinop. Na primeira fase, os dois primeiros colocados de cada chave se enfrentam na semifinal, em jogos de ida e volta.
Fonte: Cuiabano News