A ex-doleira e delatora da Lava-Jato, Nelma Kodama, alegou que acabou presa por ter sido ‘enganada’ pelo ex-assessor da vice-governadoria de Mato Grosso, ex-lobista do VLT e ex-namorado dela, Rowles Magalhães. Em entrevista ao O Globo, Kodama disse que Rowles se apresentou como empresário do agronegócio e que quando foi presa em Portugal, acusada de tráfico internacional de drogas, os policiais que a conduziram se limitaram a dizer que ela estaria envolvida com os crimes do ‘ex’.
“Estava tomando café no hotel e fui surpreendida com oito policiais decretando a minha prisão. Não me disseram o motivo, nem deixaram ligar para os meus advogados. Nem teve audiência de custódia. Na delegacia, me mostraram uma foto do meu ex-namorado (Rowles Magalhães) e afirmaram que eu estava envolvida nos crimes dele”, relatou Kodama ao O Globo.
A ex-doleira também contou que estava ‘perdidamente apaixonada’ por Rowles e deu detalhes da vida a dois. “Ele transava muito bem, carinhoso, rico e bonito. Que mulher não se apaixonaria? Não percebi evidências de que ele era um golpista”, afirmou.
“Ele me apresentou as filhas, a mãe e fui me enfeitiçando cada vez mais. Me deixando dominar. Mas, na verdade, ele era um picareta. Rompi o namoro. Alguns meses depois, veio essa operação da Polícia Federal e acabei presa pelos crimes que ele cometeu”, disparou.
A ex-doleira revelou ainda ter servido de ‘refém’ no lugar da filha de Rowles Magalhães num episódio em que ele foi, em tese, cobrado por uma dívida. Segundo Nelma, porém, o ex-namorado teria armado a situação para viajar com outra mulher.
Kodama foi beneficiada com a liberdade provisória na semana passada depois de passar quase dois anos na prisão. Quem também teve a liberdade provisória decretara neste mês foi o ex-secretário de Estado de Mato Grosso, Nilton Borgato, também acusado de envolvimento com o esquema.
As investigações que levaram às prisões tiveram início com a apreensão de um avião carregado com mais de meia tonelada de cocaína escondida na fuselagem na Bahia. O destino da aeronave seria Portugal, onde Kodama alega que estava buscando novas oportunidades no mercado imobiliário. (HNT)