O secretário de comunicação da Câmara Municipal de Cuiabá, Luiz Gonzaga Neto, utilizou a tribuna da Casa de Leis para oficializar sua saída do comando da pasta. Diferente do que havia sido informado pelo Legislativo Municipal, o jornalista comunicou que não ficará no cargo de secretário de Comunicação até o final de Julho. A decisão surpreendeu parlamentares e servidores.
Em tom de desabafo, Gonzaga justificou sua saída imediata alegando desmotivação e dificuldades enfrentadas no exercício da função. Ele relatou a falta de estrutura da Secretaria e destacou que, mesmo com limitações, como falta de orçamento, conseguiu avanços significativos na comunicação institucional da Câmara, como a melhora no relacionamento com a imprensa local.
“Saio da Secom com o coração leve e a certeza de que fiz o melhor que pude com as condições que tinha à disposição. Tem coisa que o dinheiro não compra, até porque nem dinheiro temos para trabalhar aqui. Mesmo sem mídia, vossas excelências tiveram seis meses de exposições positivas. O relacionamento externo com a imprensa melhorou e muito. Colocamos em prática a ordem de termos uma comunicação pública transparente e responsável”, declarou durante seu último discurso no parlamento, na manhã desta quarta-feira (3).
Esse é o segundo posicionamento oficial do então secretário. Nesta terça-feira (02), o jornalista publicou uma nota informando “ambiente hostil” e “certo alívio” por deixar a função. A presidente da Casa, Paula Calil (PL) chegou a solicitar que Gonzaga permanecesse do cargo por mais alguns dias. Contudo, ele decidiu antecipar a saída.
Descontente, o ex-secretário apontou a existência de uma “minoria barulhenta” dentro da Casa, acusando-a de trabalhar contra o interesse coletivo.
Luiz Gonzaga também fez referência à dificuldade de implementar uma comunicação pública ética e transparente, criticando a resistência de alguns membros da Casa em compreender e respeitar princípios jornalísticos.
“Honestamente, eu perdi a vontade de colaborar e contribuir com quem não que ajuda, ou pior, quem acha que nem precisa. Cansei de ter que lidar com gente que falta com a verdade, que é capaz de qualquer coisa em benefício próprio, não importa se atingira outras pessoas e faz isso mesmo sobre a proteção divina”, afirmou, sem citar nomes.
Segundo ele, embora tivesse inicialmente aceitado o pedido da presidente para permanecer no cargo até o fim de julho, a reflexão em casa o levou a mudar de ideia.
“Tem coisas que o dinheiro não compra: a paz. Cheguei à conclusão de que não é viável. Por isso, a despedida. Saio de cabeça erguida, com a sensação de dever cumprido. Pode publicar minha exoneração”, finalizou.
Para a imprensa, Calil lamentou publicamente a saída de Gonzaga e confirmou que saída ocorre após episódios de desconforto com o ambiente interno. “Lamento muito a escolha dele em sair, porque ele desempenhou um excelente trabalho frente à Secretaria. Pedi que ele ficasse, mas ele optou por sair. Nós temos que fechar o ciclo, temos que publicizar o primeiro semestre dos trabalhos da Câmara Municipal. E, infelizmente, não vamos conseguir fazer isso com ele”, disse Paula, nesta quinta-feira (3). (Gazeta Digital)