Uma enfermeira do Hospital Estadual Santa Casa, em Cuiabá, perdeu a guarda do filho de 7 anos para o pai, que é DJ e técnico de informática, por atuar na linha de frente do combate à Covid-19.
Reportagem do Fantástico, da Rede Globo, exibido no domingo (6), mostrou que uma juíza do Paraná, onde mora o pai da criança, concedeu tutela de urgência em primeira instância ao pai sem nem ouvir a mulher.
O principal argumento para o pedido do pai é de que a profissão da mãe é um risco por conta do coronavírus, o que foi acatado pela magistrada.
“Configurado o perigo de dano, sobretudo diante da profissão exercida pela mãe, enfermeira. E pelo fato de a pandemia da Covid-19 ainda não estar controlada em nenhum estado da Federação”, justificou a juíza.
De acordo com o relato da enfermeira, ela pediu ao ex-marido, com quem dividia a guarda do menino, para que o filho ficasse com ele durante os primeiros meses da pandemia, visto que ele trabalhava de casa.
Ela contou que, no início, mantinha contato constante com o filho por videochamadas, mas que isso acabou mudando com o passar do tempo.
“No começo eu não tinha impedimento de falar com ele por vídeo, por telefone, mas começou a chegar um momento em que ele não estava ou estava ocupado”, disse ela ao Fantástico.
A mãe tinha expectativa de que em meados de julho o filho retornaria para Cuiabá, após seu trabalho frente à pandemia amenizar.
Nos primeiros meses, a enfermeira atuou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de pacientes de Covid-19 da Santa Casa. Porém, desde setembro, não atua mais na linha de frente e passou a fazer trabalhos administrativos e de pacientes em home care.
“Mesmo que eu estivesse trabalhando ainda na linha de frente, existem cuidados, existem protocolos de prevenção. Eu jamais vou querer o mal para o meu filho, claro que vou me prevenir”, afirmou a mãe.
A mãe disse que já entrou com recurso para que o menino volte a morar imediatamente com ela, mas a audiência de reconciliação está marcada para ocorrer somente em abril do próximo ano.
O Tribunal de Justiça do Paraná, por meio de nota, informou que a juíza não comenta processos que ainda não foram julgados.
Já o pai, também em nota, disse que as alegações da mãe de que não pode falar com o filho não são verdadeiras. Afirmou ainda que o processo vai além da profissão da enfermeira, mas diz respeito à preservação dos direitos da criança.
Veja a reportagem AQUI
Fonte: Midianews