A decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a deflagração da Operação Sisamnes apontou que recai sobre o desembargador João Ferreira Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), a suspeita de ter vendido a decisão que concedeu liberdade ao sargento Victor Ramos de Castro, da Polícia Militar, em 2021.
Conforme apontado pelo ministro, a partir da investigação da Polícia Federal, no plantão judiciário do dia 28 de junho de 2021, o desembargador mandou soltar o PM ao conceder um habeas corpus em seu favor.
Posteriormente, mensagens extraídas do aparelho celular do advogado Roberto Zampieri demonstraram que haveria um acordo para a soltura do acusado mediante pagamento de valor em dinheiro.
“Andreson, por favor aperte senhor do HC, esse cidadão está muito folgado. Quando precisa agente [sic] se desdobra e atende o pedido, e agora não cumpre o combinado? Aperta esse cidadão”, enviou Zampieri à Andreson, apontado como um lobista com acesso a magistrados e servidores do Judiciário.
Em 12 de julho do mesmo ano, após Zampieri enviar os seus dados bancários, Andreson lhe transferiu R$ 100 mil por meio de sua empresa, a Florais Transportes Eireli.
“Segundo a representação, Victor Ramos de Castro seria um sargento da Polícia Militar seria o beneficiário com a ordem de soltura”, aponta Zanin.
“A quantidade de diálogos e conversações, refletidos em prints e documentos juntados pela Polícia Federal, mostram uma quantidade significativa de solicitações e recebimentos de vantagem econômica indevida”, afirmou o ministro. “Entendo que os indícios revelados até aqui se qualificam como suficientes para demonstrar o envolvimento de João Ferreira Filho na empreitada criminosa”, concluiu.
João Ferreira Filho e Sebastião Moraes Filho estão afastados dos cargos no TJMT desde agosto por conta da suspeita de envolvimento em esquema de venda de sentenças revelado a partir do conteúdo extraído do telefone celular de Roberto Zampieri. Os dois deverão passar a usar tornozeleira eletrônica, conforme decisão judicial.
Fonte: Repórter MT