Deputados de oposição ao governo Mauro Mendes (DEM), criticaram a possibilidade de trocar o VLT – cujo investimento já acumulou mais de R$ 1 bilhão -, pelo BRT, que seria um projeto novo, embora não atenda as necessidades da população que já beira 1 milhão de pessoas, contando as duas cidades a serem ligadas pelo modal, Cuiabá e Várzea Grande.
A possibilidade de mudança foi levantada pelo governador Mauro Mendes (DEM), que inclusive prometeu em campanha dar seguimento ao Veículo Leve sobre Trilhos. Mendes afirmou que irá solicitar da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o estudo demonstrando que o Bus Rapid Transport (BRT) é um sistema de transporte mais eficiente, viável e barato para a região Metropolitana de Cuiabá do que o VLT. O receio do governo é basicamente ter que arcar com subsídios das passagens e manutenção que o VLT pode vir a ter, já que os investimentos para sua conclusão podem ser, inclusive, da iniciativa privada.
O deputado estadual João Batista (PROS) chegou a dizer que dinheiro público não é para fazer experimento, em clara crítica ao governo estadual. Sobre a promessa de Mendes, o parlamentar foi enfático. “Nós sabemos que o governo tinha seus técnicos, na época de transição de governo (Taques e Mauro Mendes) com dados para saber se era factível ou não dar continuidade às obras do VLT”, criticou.
Para Batista, se o governo for desfazer de toda infraestrutura do VLT, o Estado não vai recuperar nem 10% do que já foi gasto – à época mais de R$ 1 bilhão.
“É dinheiro que está sendo jogado fora. Alguma coisa tem que ser feito e de forma urgente, porque muitas pessoas já morreram no trânsito”, acrescentou.
Batista defende a realização de uma audiência pública, por parte do Executivo Estadual, para que a sociedade tome conhecimento da real situação do modal VLT, e discutir a possibilidade de levantar recursos financeiros do próprio Estado ou de investidores estrangeiros.
Já o deputado Valdir Barranco (PT) acredita que a troca do modal é um retrocesso. “Fazer uma inversão depois de vários anos é algo injustificável, estamos voltando atrás. O Estado vai ter um prejuízo enorme com o BRT que polui muito o ambiente e não traz o mesmo conforto, não são modernos e já são ultrapassados. Está na hora de o Governo acabar com essa novela”, disse o petista.
Líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado Dilmar Dal Bosco (DEM), por sua vez, acredita que a proposta é válida, tendo em vista o alto custo financeiro que seria gerado com a implantação do VLT.
“Às vezes o trabalhador precisa fazer três integrações e como fazer essa integração, que terá um custo financeiro. Isso será custeado pelo usuário do transporte coletivo ou pelo Estado. Quem vai bancar o custo de cada um?”, questionou.
Segundo ele, o gasto não é somente com a passagem, mas também com a manutenção dos vagões e dos trilhos e com o gasto com a subestação de energia elétrica que é elevado e em tempo integral. Com esses argumentos, Dal Bosco acredita que o VLT torna-se inviável para o governo.
Com relação aos mais de R$ 1 bilhão investidos nas obras de implantação do novo Modal, o deputado defende a convocação dos Ministérios Públicos Federal e do Estado para alinhar o entendimento. Ele afirmou que os municípios de Cuiabá e Várzea Grande não têm a capacidade de fluxo de passageiros para equilibrar os gastos com o VLT.
“No período que não é de pico (volume maior de passageiros) menos da metade dos ônibus estão circulando nas duas cidades porque vai para o pátio das empresas. Só no horário de pico que têm passageiros. O governo não tem condições financeiras para manter o VLT com poucos usuários utilizando o transporte público, porque o custo é elevado”, explicou o líder do governo.
Apesar disso, Dal’Bosco frisa que o governador ainda não bateu o martelo quanto a troca do VLT pelo BRT. “O governador Mauro Mendes não tomou ainda uma decisão que vai ser o BRT o modal escolhido, mas é preciso tomar medidas que resolvam os problemas das Avenidas da Feb, em Várzea Grande e Fernando Correa da Costa e a do CPA, em Cuiabá que estão em péssimas condições de trafegabilidade. O governo precisa tomar uma decisão. Hoje, o Estado de Mato Grosso não tem condições financeiras de bancar os subsídios das passagens do VLT. Mas a decisão de implantação do VLT ou BRT cabe ao governador Mauro Mendes. Temos que nos preocupar com o futuro, quem vai dar o subsidio das passagens e fazer as manutenções dos vagões para que o passageiro não tenha que pagar mais caro pela passagem”, finalizou.
Fonte: Diário de Cuiabá/Muvuca Popular