O delegado de Sorriso (420 km de Cuiabá), Bruno França, declarou “guerra” contra chantagistas de comerciantes do município. A declaração foi dada à imprensa local, depois da Operação ‘Unfollow’ que prendeu o influenciador digital Jefferson Ryan, o ‘Trem Bala’, de 22 anos, que usava suas plataformas digitais para traficar drogas, extorquir empresários e promover atos do Comando Vermelho (CV).
“Essa é uma conduta que a Polícia Civil não aceita, a Polícia Militar não aceita. Acho que guerra avisada não mata aleijado. Eles [faccionados] vão entrar em rota de confronto com a gente, porque uma coisa é você ditar suas regras no mundo criminoso que você vive, outra é querer impor esse modo de vida criminoso ao cidadão de bem, ao comerciante. Isso a polícia não vai aceitar. A gente vai entrar em guerra aberta, nós não vamos aceitar isso”, avisou o delegado.
Nesta sexta-feira (28), a Polícia Civil deflagrou a operação ‘Unfollow’, que mirou ‘Trem Bala’. Os policiais identificaram que o criminoso tinha uma vida dupla.
Em um perfil no Instagram, ele promovia lojas da cidade e possuía um bom relacionamento da imprensa sorrisense. Todavia, em uma conta privada, Jefferson usava para extorquir comerciantes, principalmente donos de prostíbulos e casas noturnas, além de vender drogas e exaltar as atividades do CV. Ele foi preso junto de um comparsa quando chegava de uma festa, possivelmente realizada com outros integrantes da facção.
Bruno França ainda pediu para todos aqueles que foram extorquidos por Jefferson procurarem as autoridades para fortalecer as denúncias contra o faccionado.
“Se você foi extorquido por esse rapaz, você pode procurar a gente, que isso ajuda a gente ainda mais solidificar e deixar esse cara cada vez mais tempo afastado do convívio e sociedade”, pediu.
EXTORSÃO É O COQUELUCHE DA VEZ
A extorsão de comerciantes parece ser a nova prática criminosa preferida do Comando Vermelho. Isso porque, no início de fevereiro, a Polícia Civil irrompeu a operação “A César O Que É De César”. Na ação, Ozia Rodrigues, conhecido como ‘Shelby’, em referência ao protagonista da série Peaky Blinders, e seu comparsa Carlos Rodrigues Lopes da Silva, vulgo ‘Maxixi’ foram presos por extorsões cometidos contra lojistas do camelô de Várzea Grande.
Eles abordavam as vítimas oferecendo participação em um novo ‘empreendimento’ do Comando Vermelho. Os criminosos, então, pediam o balanço, faturamento e estoque da empresa.
A partir disso, calculavam a porcentagem que iriam cobrar dos comerciantes, como uma suposta ‘taxa de segurança’. Caso os comerciantes se recusassem a fazer a adesão do ‘empreendimento’, começavam a ser ameaçados por Shelby e Maxixi. A dupla usava tragédias, como o incêndio no Shopping Popular de Cuiabá, para fortalecer as ameaças.
A pressão psicológica exercida pelos criminosos era tamanha que empresários chegaram a comprar armas e cogitaram suicídio como forma de sair da mira dos bandidos e não sucumbir ás chantagens. (HNT)
