A Justiça de Mato Grosso determinou, na última quinta-feira (21), a prisão domiciliar de Sebastião Lauze Queiroz de Amorim, conhecido como “Dono da Quebrada”, alvo da Operação Ludus Sordidus, que apura a atuação de uma facção criminosa em jogos de azar, estelionato e lavagem de dinheiro. Outros sete alvos tiveram a prisão mantida.
Sebastião é proprietário do time de futebol amador SN Futebol Clube, em Cuiabá. Ele foi preso e é suspeito de cometer crimes de estelionato e tráfico de drogas.
Sebastião passou por audiência de custódia na última quinta, onde foi determinada a prisão domiciliar mediante ao uso de tornozeleira eletrônica, após a defesa apresentar um laudo de cardiopatia, com entupimento arterial e risco de infarto.
Sebastião também foi liberado para participar do velório do irmão, João Bosco Queiroz de Amorim, conhecido apenas como “Bosco” ou “Faixa Preta”, que morreu após reagir à abordagem policial durante o cumprimento do mandado. Ele chegou a ser socorrido com vida, mas não resistiu aos ferimentos.
Outros presos
Além de Sebastião, os outros alvos da operação tiveram a prisão mantida. São eles: o influencer Dainey Aparecido da Costa (Playboy), Ozia Rodrigues (Shelby), Renan Curvo da Costa, Ronaldo Queiroz de Amorim, Ronaldo Queiroz de Amorim Júnior, Jheine Rodrigues Pinheiro e Paulo Augusto e Silva Dias.
A decisão foi assinada pelo juiz de direito Moacir Rogério Tortato. Em sua decisão, ele afirmou que não houve irregularidades no cumprimento do mandado de prisão, o que dá legalidade ao ato.
Ainda ressaltou o caso de Ronaldo Queiroz de Amorim Júnior, sobrinho de João Bosco. O magistrado não liberou a participação do alvo no velório do tio.
“No tocante ao velório, em razão do triste ocorrido no velório do tio, este juiz simplesmente não vê como operacionalizar isso, estando ele em prisão preventiva, e sujeitar alguma autoridade ou algum policial a estar presente em um momento desses poderia trazer consequências muito piores. Por esta razão, este Juízo entende que não seja possível que isso seja feito no curso do cumprimento da prisão preventiva”, afirmou o magistrado.
A Operação
A operação foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (21) para cumprir 38 ordens judiciais com foco na desarticulação da atuação de uma facção criminosa altamente estruturada, envolvida em crimes diversificados, dentre eles jogos de azar, estelionato, tráfico de drogas e lavagem de capitais.
Dentre os mandados cumpridos estão 10 mandados de prisão preventiva, 8 de busca e apreensão, 8 sequestros de imóveis, 12 sequestros e bloqueios de contas e valores no valor de mais de R$ 13,3 milhões.
As investigações iniciaram em dezembro de 2023, após a interrupção de uma reunião comunitária no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá. Na ocasião, integrantes de uma facção criminosa encerraram o encontro sob ameaças, em uma clara tentativa de demonstração de poder do grupo criminoso.
A motivação dessa dissolução seria “política”, pois a irmã de um dos investigados era pré-candidata a vereadora, e a reunião teria sido interpretada como um evento político, devido à presença de um secretário de Estado.
Entre os alvos identificados está um dos líderes do grupo criminoso que, sob a fachada de ações sociais e atuação como presidente de time de futebol amador, na verdade monopolizava as práticas criminosas em alguns bairros (denominados “quebradas”), controlando e lucrando com atividades criminosas de tráfico de drogas, estelionatos e jogos ilegais.
Ele recebia mensalmente 10% dos lucros da plataforma de apostas ilegais, além de valores oriundos do tráfico e de golpes aplicados em plataformas de compra e venda pela internet. Também foi identificado que um de seus liderados, o mesmo faccionado que dissolveu a reunião de bairro, foi quem promoveu, mais tarde, as extorsões de comerciantes em Várzea Grande e Rondonópolis. (Midianews)