Integrantes do Comando Vermelho (CV) obrigaram a esposa do alagoano José Wallafe da Costa, membro do Primeiro Comando da Capital, a se casar com um integrante da facção rival, na frente do marido, como condição para que ela tivesse a vida poupada. A proposta foi feita momentos antes do esposo ser assassinado, em agosto deste ano, em Várzea Grande.
As informações foram repassadas pelo delegado Nilson Farias, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na manhã desta sexta-feira (5), durante entrevista coletiva sobre a Operação Ditadura Faccional CPX, que mira integrantes da facção criminosa envolvidos no homicídio de José e também no assassinato de Edinaldo Honorato Lopes, de 36 anos, que teria motivação passional.
“Esse caso específico é um caso que até mesmo como autoridade policial ficamos muito perplexos, porque essa família foi sequestrada no Dia dos Pais. É uma situação muito bárbara”, afirmou o delegado.
José, a esposa, de 27 anos, e o filho do casal, de apenas 1 ano à época, foram sequestrados no bairro Jacarandá, em Várzea Grande, mesmo local onde o corpo da vítima foi posteriormente encontrado. A família é natural de Maceió (AL) e havia se mudado recentemente para Mato Grosso.
Segundo o delegado, durante o cativeiro, a criança chegou a ficar sob a guarda de uma dos alvos da operação. A esposa de José foi brutalmente agredida pelos criminosos.
“A criança ficou em posse de uma mulher que é a Michelle. A facção foi lá, pegou a mulher, a esposa do José, e quebrou o braço dela. Tudo isso para ter acesso aos dados do celular e confirmar se ele era ou não de outra facção”, detalhou Farias.
Ainda conforme a investigação, mesmo após as agressões e a checagem das informações, os criminosos impuseram a condição para poupar a vida da mulher.
“Não satisfeitos, eles propõem que, para deixarem ela viva, ela aceitasse se casar com um outro membro da facção, na frente do esposo dela que estava prestes a ser assassinado. Na sequência, eles matam o esposo dela e ela, de fato, passa a viver com essa pessoa faccionada”, relatou o delegado.
Nilson detalhou que a vítima precisou ficar vivendo com o faccionado e quando prestava depoimentos na DHPP era obrigada a relatar os detalhes e mostrar a documentação para outros integrantes do CV.
“Elas foram impedidas de viver um Estado Democrático de Direito. Ela viveu essa situação com um agressor”, disse ao completar dizendo que o suspeito não foi descoberto pela polícia, pois a mulher de José Wallefe não entregou a identidade dele.
Para Farias, a vítima desenvolveu a síndrome de estocolmo, estado psicológico em que a vítima de sequestro, abuso ou tortura desenvolve um vínculo emocional com seu agressor. No entanto, é válido ressaltar que a mulher e a população local vivia em situação de medo e de ameaças, conforme apurado pelas investigações.
A Operação Ditadura Faccional CPX foi deflagrada para identificar e prender os integrantes do Comando Vermelho envolvidos no sequestro, tortura e assassinato de José Wallafe, além de outros crimes praticados pela organização criminosa em Várzea Grande e região metropolitana. (Leiagora)





