Vivendo há 10 meses no Japão, a jornalista cuiabana Dayanni Ida, 34, passou por momentos assustadores durante terremoto que atingiu o país essa semana. Com 3 filhos, ela vive em Mie Ken, cerca de 300 km da região de Ishikawa, cidade em que ocorreu o desastre. Mesmo longe, foi possível sentir os tremores. A cuiabana disse ao Gazeta Digital que foram momentos de terror, pois a população não havia sido avisada sobre o risco do fenômeno natural.
Ela contou que os filhos estavam na sala assistindo filme, enquanto ela e o esposo tinham acabado de ir para o quarto. No momento em que colocou o notebook sobre a cama e sentou, sentiu o chão tremer.
“Foi um susto, tremeu o chão. Eu tenho 3 filhos, um casal de gêmeos de 9 anos e uma menina de 5 anos, e na hora eu levantei correndo para a sala preocupada com as crianças. Pedi para eles ficarem parados. A nossa cama se movimentou muito forte e meu sofá na sala se arrastou para frente”, descreveu.
De imediato, a reação dos filhos foi buscar pelos batentes das portas e se abaixar para proteção. Segundo ela, nas escolas, desde o primário, os alunos recebem instruções de como agir em casos de desastres naturais. Dayanni disse que as crianças ficaram bastante assustadas e chorando. Felizmente, não houve estragos em seu apartamento e ninguém se feriu.
“Moro em um apartamento com uma estrutura de ferro. Aqui há diferença nas estruturas dos imóveis, meu apartamento é considerado novo. Não houve estragos, mas as crianças ficaram bastante assustadas”, explicou.
O terremoto de magnitude 7,5 aconteceu no primeiro dia do ano (1º) e matou mais de 70 pessoas, segundo site oficial da prefeitura de Ishikawa. Há ainda número desconhecido de pessoas desaparecidas, que podem estar presas sob os escombros ou áreas isoladas.
O abalo durou cerca de 3 minutos e, na cidade onde moram, chegou ao nível 3. Segundo ela, foi a primeira vez que ocorreu desde que chegou ao país. Mesmo com nível baixo do tremor que atingiu Mie Ken, a jornalista comentou que foi o suficiente para tornar “impactante” a experiência.
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Ela contou, ainda, ao Gazeta Digital outra experiência envolvendo situações climáticas. No começo de 2023, eles presenciaram um tufão na cidade, com ventos muitos fortes. Segundo a cuiabana, a diferença é que o país recebeu alerta pelo telefone. Diferente do terremoto dessa segunda-feira.
“Quando há algum risco climático, geralmente as regiões em risco são avisadas, com alerta ou notícias, mas este foi uma surpresa. Após o tremor, trocamos mensagens com conhecidos em locais que residem há mais tempo por aqui e eles se assustaram”, disse.
Dayanni disse que o sentimento é de tristeza no país e em toda província. Ruas se abriram no meio das estradas, pessoas foram abrigadas nas escolas e no que sobrou do comércio. Foram criados vários pontos de coleta de doações nos estados, para arrecadar produtos de higiene, alimentos e água.
O alívio toma conta da família, mas o medo também, pois podem ocorrer mais tremores e todas as cidades do país sentir. Ela narrou que brasileiros não estão acostumados com essas “vivências”, pois não faz parte do quadro climático do Brasil.
Porém, ela narrou que enxerga a experiência como parte do processo da escolha em morar no Japão e agradece por não estar no epicentro deste triste acontecimento.
“Não temos o preparo japonês de saber lidar com isso. Ainda que nós não tenhamos sofrido nenhum dano, temos uma cidade que sofre, com uma população extremamente vulnerável. Além do desastre, do abandono do lar de modo repentino, o frio também castiga essa população neste momento e isso é triste. São nativos, crianças, brasileiros, peruanos, vietnamitas, uma população inteira, pessoas”, finalizou entristecida.
Fonte: Gazeta Digital