Há cinco anos, ela ainda engatinhava na profissão de atriz antes de se tornar a famosa Bella Campos. Se o período de incertezas colocou em xeque a nova carreira, bastou uma cena em Pantanal para que a estreante chamasse atenção. Dali em diante, vieram dois filmes, uma mocinha das sete e, agora, o maior desafio de sua meteórica ascensão: uma vilã no horário nobre.
Que os saudosistas nos perdoem, mas, nesta primeira semana de Vale Tudo no ar, Bella Campos não ficou devendo nada a Gloria Pires, eternizada no papel de Maria de Fátima. Podem até torcer o nariz para a novata, mas ela deu seu nome.
Estar na pele de uma vilã como essa, já vivida e memorizada por uma atriz que dispensa adjetivos, é, sem cair no clichê (mas já caindo), ficar no olho do furacão — especialmente nas redes sociais, que nem existiam quando a primeira versão foi ao ar, em 1988. Inevitável comparar? Sim. A garota, no entanto, está lidando com tudo isso com maestria até o momento.
É que medo de arregaçar as mangas ela nunca teve. Criada até os 15 anos em Cuiabá, numa casa simples que muito lembra a que sua personagem vivia com a mãe e o avô em Foz do Iguaçu, Bella mudou-se com a mãe e a irmã para Florianópolis quando os pais se separaram.
A distância dos avós e a saudade de brincar no mato ecoaram por grande parte da adolescência. Aos 18 anos, decidiu ser psicóloga. Mas o dinheiro curto mal dava para os livros do cursinho. Foi então que arrumou um emprego como balconista em um café badalado da cidade.
O estabelecimento, até hoje no CIC (Centro Integrado de Cultura), é um ponto de referência forte para quem deseja ingressar ou admira o mundo das artes em Florianópolis. Foi ali, entre um café e outro que servia, que o bichinho da interpretação a picou.

Pelo trabalho, Bella recebia cerca de R$ 1.600 por mês. Quando a oportunidade de fotografar apareceu, ela abraçou de vez a carreira de modelo:
Se os divãs choram a ausência de Bella, as câmeras sorriem para ela. Seja na TV, nas campanhas publicitárias (hoje cada vez mais grifadas) ou no dia a dia, a atriz está sempre com o celular na mão, captando momentos, lugares e lembranças.
Inserida em uma geração em que a conexão e a imagem vêm, muitas vezes, antes de qualquer coisa, é na terra que ela se reconecta com sua essência. Algo que a ajudou a atravessar um período de depressão em 2023, que muita gente achava que fosse frescura.
O jeitinho é ter a mãe e a irmã por perto (elas se mudaram para o Rio), fazer terapia regularmente, aulas de pilates, musculação e muay thai antes das 8h, banhos de cachoeira, cerveja no boteco, rodas de samba, o Flamengo no Maracanã e escapar sempre que pode para a casa dos avós na velha Cuiabá, que está tatuada em sua pele:
“Sinto muita falta da minha família, especialmente do meu pai, avó e primos que ainda estão em Cuiabá. Sinto falta da comida, dos peixes e biscoitos que minha avó fazia. A culinária está muito ligada ao afeto para mim. A minha infância em Cuiabá foi boa, apesar da desconexão com o mundo exterior, o que preservou uma certa pureza”, conclui.