Cuiabá, você nasceu pequenininha, e sob seus pés havia mil jazidas a reluzir ouro como “El Dorado”. Porém, logo ficou isolada e esquecida nesses confins do interior brasileiro, entre ruas estreitas, becos e casarios, mas sobreviveu graças aos anônimos heróis de têmpera destemida.
As suas ruas, outrora pacatas, de um tempo que não tinha pressa, viviam no silêncio gostoso, no calor do aconchego entre casas geminadas, quando até podíamos escutar o bimbalhar dos sinos das igrejas.
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As suas praças eram ponto de encontro, convivência e diversão, sob luzes tênues ao som da música animada da banda no coreto. Ontem, sabíamos o que éramos; hoje, não sabemos quem somos e nem queremos saber de onde viemos. Agora, tudo nos atropela; vivemos sempre com pressa, tentando alcançar alguma coisa que nem mesmo sabemos o que é, e nem conseguimos explicar.
Enquanto isso, percebemos que a cidade fugiu para os bairros e foi pra bem longe morar. Até o Senhor Bom Jesus, o Senhor Divino e São Benedito estão pensando seriamente em pra lá também mudar, porque não aguentam mais suportar o abandono e a solidão da noite no centro de Cuiabá.
Enfim, tudo termina em saudade dos momentos gostosos das festivas domingueiras do Clube Feminino, das retretas, da alegria no animado jardim e da agradável prosa nas calçadas, regada ao guaranazinho ralado, ao cafezinho e ao bolinho de queijo. Dos bate-papos nos barzinhos, também só ficou a saudade: Bar Internacional, Bar do Beto, Bar Pinheiro, Bar do Bugre, Chuá, e, por graça divina, ainda temos o CHOPÃO para essa forte saudade amenizar.
*TEOCLES MACIEL é advogado, professor, escritor, compositor, ex-prefeito de Barão de Melgaço e foi deputado estadual na Assembléia Constituinte de Mato Grosso (1988-89).
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