Uma menina venezuelana de cinco anos morreu, na madrugada de terça-feira (5), no Hospital do Câncer (HCan), após ser transferida do Pronto-Socorro de Várzea Grande com quadro de anemia grave e sinais de sepse. Na unidade hospitalar, ela foi diagnosticada com síndrome hemofagocítica, doença que altera o sistema autoimune e chegou a realizar diálise, mas sem sucesso.
A família da criança acusa médicos da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Várzea Grande de ter receitado medicações erradas. Ao Olhar Direto, a avó da menina, Yeliza Benedita, explicou que a neta começou a passar mal na sexta-feira (1), com sintomas gripais, febre e inflamação na garganta, momento em que procurou atendimento na UPA do Bairro Cristo Rei.
Na unidade de saúde, uma médica, sem sequer tocar na criança, receitou medicamos como dipirona, soro e calmante, além de um para o estômago. Ao retornar para casa, a avó conta que a febre da menina não abaixou e que a neta começou a apresentar outros sintomas, como fraqueza e que estava com uma cor amarelada na região dos olhos. Além disso, a mulher observou que a criança teve parte das nádegas atingida por uma infecção desconhecida.
Assustada, ela retornou à unidade de saúde e foi atendida por outra médica, que se assustou com a situação. No momento em que a criança estava sendo atendida, contudo, a avó conta que a primeira profissional que atendeu a neta se intrometeu. “Ela pegou a receita e jogou fora. A gente fica se perguntando o porquê, sendo que a médica não chegou nem encostar na minha neta. A segunda [médica] disse que por conta do ferimento na nádega, a minha neta não deveria nem ficar em casa”, disse.
Depois do fato, a criança foi transferida para o Pronto-Socorro do município, onde ficou internada por três dias. No domingo (3), ela foi levada às pressas para o Hospital de Câncer, já que foi constatado uma infecção na medula óssea da menor.
No hospital, a menina foi diagnosticada com síndrome hemofagocítica, uma patologia caracterizada por hiperativação do sistema imune, marcada por sinais e sintomas decorrentes de intensa inflamação sistêmica.
Foi feito uma biópsia da medula e os médicos aguardam o resultado para investigar a origem da infecção.
Outro lado
Procurada, a Prefeitura de Várzea Grande emitiu a seguinte nota: em atenção ao pedido de esclarecimento a respeito a paciente menor de iniciais I.P.U.R, 05 anos e 8 meses informa: * A paciente deu entrada na UPA Cristo Rei no dia 01 de Março de 2024, às 9:12, relatando possível ferida em região glútea, febre, inapetência e tosse produtiva e relata ter feito uso de benzetacil dia 25 de fevereiro de 2024
Recebeu os primeiros atendimentos e realizou os primeiros exames, como ultrassonografia que apresentou como resultado choque séptico/fístula anal, quadro avaliado como urgente; * Realizado exame de Radiografia de Abdômen Agudo e Tórax com três incidências; * Permaneceu na UPA até as 13 horas e como a piora no quadro clínica foi encaminhada para a UTI do Hospital Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande passando por Angiotomografia e Tomografia de tórax, de pelve e abdômen;
* Internada medicada o quadro evoluiu para piora o que levou diante de exames realizados a ser solicitada a transferência na tarde do dia 03 de março de 2024;
* Transferida para o Hospital do Câncer para investigação de Pancitopenia e realização de Mielograma para detecção de câncer. A paciente veio a óbito no dia 05.
A prefeitura ainda informou que os prontuários de atendimento já foram levantados e que aguarda os exames finais da causa mortis. Disse também que, caso seja constatado possível erro médico, será instaurado um PAD (Processo Administrativo Disciplinar) para apurar os fatos.
Fonte: Olhar Direto