Coronel diz que instrutor de tiro foi coagido e delação serviria de ‘tábua de salvação’

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O coronel do Exército Etevaldo Caçadini sugeriu que o instrutor de tiro Hedilerson Barbosa pode ter sido coagido pelas autoridades policiais mato-grossenses para confessar sua participação no homicídio do advogado Roberto Zampieri, em Cuiabá. Questionado sobre o porquê de Hedilerson tê-lo indicado como intermediador do crime, o coronel respondeu que o instrutor deve ter visto no prestígio militar dele uma ‘tábua de salvação’.

Em depoimento prestado à Polícia Civil nesta quinta-feira (1º), Caçadini disse que as autoridades de Cuiabá ameaçaram colocar Hedilerson em celas dominadas por facções criminosas como o Comando Vermelho e PCC, o que teria abalado o instrutor de tiro que, segundo o coronel, já sofre com problemas psicológicos.

O militar afirmou que recebeu com surpresa a delação do colega com quem mantinha relação na Frente Ampla Patriota, encabeçada por Caçadini para reunir ‘patriotas’ e conservadores. Hedilerson era o responsável pela edição dos vídeos do movimento político.

O instrutor de tiro é suspeito de ter entregado a arma que matou Zampieri ao executor do advogado, Antônio Gomes. Sobre Antônio, o coronel Etevaldo Caçadini alegou que o conheceu por intermédio de Hedilerson, quando requisitou indicação para um serviço de pedreiro. Ele confirmou que Antônio esteve em seu escritório, em Belo Horizonte (MG). A visita, segundo a polícia, teria sido para a contratação do crime, o que não foi confirmado pelo militar.

Caçadini também alegou que não conhecia Zampieri, mas que havia ouvido falar, durante uma reunião em 2011, que o advogado era um ‘grande conhecedor de terras’ em Mato Grosso. O coronel chegou a morar no Estado entre os anos de 1994 e 1995 e desempenhou algumas atividades militares em Cuiabá e Rondonópolis, em anos posteriores.

De acordo com o delegado Nilson Farias, que preside o inquérito do caso, Etevaldo Caçadini será indiciado junto a Hedilerson e Antônio pela execução de Roberto Zampieri. Outro inquérito será instaurado para dar continuidade às investigações sobre a motivação e o mandante do crime.  (HNT)