Conheça a história da personagem de MT que vai virar filme

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Em um quilombo no Oeste de Mato Grosso no século XVIII, destacava-se entre os 100 moradores uma mulher conhecida como Rainha de Quariterê. Com inúmeros relatos da força de sua liderança e de luta contra a escravidão, a vida de Tereza de Benguela sempre pareceu um roteiro de filme. E agora ela vai se materializar no cinema.

A liderança de Tereza começou após a morte do marido, José Piolho. Desde então, a forma como ela comandou o quilombo de Quariterê, também conhecido como Piolho, chamou a atenção.

O quilombo, em um território de difícil acesso, foi o ambiente perfeito para Tereza coordenar um forte aparato de defesa contra a escravidão e articular um parlamento para decidir em grupo as ações da comunidade, que vivia do cultivo de algodão, milho, feijão, mandioca, banana, e da venda dos excedentes.

Durante 20 anos, Tereza comandou a estrutura política, econômica e administrativa do quilombo, mantendo um sistema de defesa com armas trocadas com os brancos ou roubadas das vilas próximas.

Sem documentos sobre seu nascimento, a história de Tereza tornou-se imortal após a confirmação de sua morte em 25 de julho de 1770. Atualmente, essa data é marcada no território nacional como o Dia de Tereza de Benguela, enquanto fora dos limites do Brasil é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

A líder preta e livre em pleno período de escravidão chamou a atenção na época por meio de relatos publicados e continua a ser relevante atualmente, sendo tema de uma produção cinematográfica idealizada pelo ator e produtor Thiago Brianti.

“A história de Tereza de Benguela, além de ser talvez uma das mais antigas — porque o quilombo foi formado antes da própria fundação da cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade — se confunde com a formação do estado de Mato Grosso. Talvez seja a história mais extraordinária e urgente de ser contada, porque revela personalidades e lideranças extraordinárias e negras do passado que sofreram apagamento”, diz Thiago.

A produção ainda conta com nomes importantes do cenário audiovisual nacional como Rodrigo Piovesan, Pedro Jamil, a diretora Eva Pereira e a pesquisadora e produtora Silviane Ramos, descendente de Tereza de Benguela

“Queremos a representatividade correta para contar essa história da maneira que ela deve ser contada. Não mais pela visão dos que venceram, dos colonizadores, mas sim pelo povo que mora em Vila Bela, pelas pessoas que têm conhecimento sobre essa líder maravilhosa que foi Tereza”, afirma Thiago.

O Filme de Tereza

Com ares de épico e fantástico, o filme ficcional retrata a biografia de Tereza durante os 20 anos de quilombo. Segundo Thiago, a ideia, que nasceu como documentário, se transformou diante da grandiosidade da figura de Tereza e hoje é tratada como um drama histórico.

“É uma história tão grandiosa, uma jornada tão heroica, que entendemos que o melhor formato para contar a história dessa heroína é a ficção. Ela é tão impressionante, tão rica, que merece elementos épicos e fantásticos, mesmo sendo uma biografia”, diz.

A locação para o filme é o mesmo lugar que serve como objeto de pesquisa para a construção da história. Por meio de contos narrados por anciãos da cidade e documentos encontrados em anais e arquivos, o filme vai ganhando detalhes a serem colocados no papel, seja para ilustrar os cenários ou para seguir os passos de Tereza ao longo dos anos.

“Hoje, o nosso longa-metragem é apenas a ponta do iceberg. A nossa motivação real era, primeiro, dar voz a essas vozes que sempre existiram. É celebrar a existência dessa cidade transcultural e multicultural, que tem uma importância para Mato Grosso e para o Brasil, tanto em termos históricos quanto culturais.”

Além de exaltar o cenário cultural do município, o filme tenta agregar conhecimento, potencializar a economia e gerar visibilidade para a cidade com pouco mais de 16 mil habitantes.

“A produção nasce com o compromisso de ser tão regional quanto nacional e internacional. Queremos filmar em Vila Bela, utilizar mão de obra no Estado, gerar emprego no Estado e mesclar a equipe, fazendo um intercâmbio entre profissionais mato-grossenses e de São Paulo.”

Em busca de Tereza

Com a pré-produção já iniciada, outro fato ainda precisa ser decidido entre os produtores: quem vai interpretar a personagem principal?

Os testes ainda serão realizados, mas a busca por uma atriz que possa capturar a força de Tereza e ilustrar o legado dessa figura nas telas de cinema ao redor do Mundo já começou.

“Falar de Tereza de Benguela é dar autoestima para a população brasileira. É dar um exemplo que pode permanecer nas telas, em streamings, em cinemas, para o resto da vida. É uma responsabilidade imensa, gigante, e ao mesmo tempo uma honra e um prazer, porque essa história, essa figura, merece uma ficção que consiga captar toda a grandiosidade de sua trajetória”, afirma Thiago.

Anunciado pela produtora Rondon Filmes, as filmagens do filme têm previsão de início em 25 de julho de 2025, data que marcará os 255 anos da morte da liderança.

Fonte: Midianews