Nesta sexta-feira (10), às 8h30, um passo importante será dado para desfecho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o recebimento de propina e suposta obstrução de Justiça, por parte do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), na Câmara de Cuiabá. A chamada CPI do Paletó vai analisar duas versões sobre o resultado da investigação: a oficial, do relator vereador Toninho de Souza (PSDB), e a versão paralela dos membros da comissão, o presidente vereador Marcelo Bussiki (DEM) e Sargento Joelson (SD).
A conclusão da investigação do parlamento municipal se encerra oficialmente após 120 dias de trabalho. A CPI do Paletó foi retomada este ano, depois de inúmeras idas e vindas provocadas por decisões judiciais, em quase três anos. “Independente do trabalho executado pelo vereador Toninho de Souza, resolvemos fazer nosso relatório paralelo para assegurar que todos os pontos da CPI não ficarão de fora. Caso o relatório apresentado por Toninho seja elaborado desta maneira (com todos os fatos), nem apresentamos nosso documento. Mas não podemos, depois de tantos anos de trabalho, correr o risco de ficar à mercê de um relatório incompleto”, afirmou Bussiki, autor da proposta de abertura da comissão instalada em novembro de 2017.
Para ele, é preciso demonstrar que o prefeito Emanuel Pinheiro cometeu infrações político-administrativas, além de comprovar que atuou de modo incompatível com a dignidade do cargo que ocupa. Assim, dois relatórios serão colocados à votação dos três membros da CPI ainda na sexta-feira e aquele que for aprovado vai à votação em sessão plenária da Casa.
A expectativa é que o prefeito seja responsabilizado diante os fatos apurados, como as imagens em vídeo divulgadas no Jornal Nacional, em agosto de 2017, em que o então deputado estadual Emanuel Pinheiro (MDB) aparece recebendo maços de dinheiro e colocando no bolso do paletó e o relatório final determine a abertura de uma Comissão Processante no Legislativo, que pode cassar o mandato dele. “Talvez possa parecer que este não é o momento para esse tipo de discussão, em razão da pandemia, mas entendo que se nos omitirmos agora estaremos apoiando a corrupção na sua forma mais cruel: a que acontece diante de nossos olhos”, constatou o presidente da comissão.
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Serão analisados os documentos recebidos ao longo do trabalho da CPI, além do vídeo, os solicitados junto aos órgãos de controle, e das oitivas já realizadas. Foram ouvidos o ex-governador Silval Barbosa; seu ex-chefe de gabinete, Sílvio Corrêa; o ex-deputado José Riva; o servidor Valdecir Cardoso; e o perito judicial Alexandre Perez.
“Esperamos que o relatório considere o que o ex-governador Silval Barbosa afirmou e o que Silvio Corrêa confirmou, de que se tratava de dinheiro de propina que Emanuel Pinheiro recebeu para apoiar os projetos do Executivo quando era deputado. Isso é um fato comprovado em vídeo, respaldado pela fala de duas pessoas chaves no referido esquema e que, oficialmente e diante dessa CPI, não foi negado pelo prefeito Emanuel Pinheiro. Não há como esse relatório seguir por outro caminho senão esse, que é claro para todos os cuiabanos”, disse Bussiki.
Tentativas frustradas foram feitas para ouvir o prefeto, que chegou a ser convidado; o irmão dele, Marco Polo Pinheiro, conhecido como Popó, considerando a justificativa de Emanuel de que o dinheiro no paletó era para pagamento de dívidas do irmão com o ex-governador; e ainda o ex-secretário de Estado Alan Zanatta, que por meio de um habeas corpus preventivo conseguiu evitar o segundo depoimento dele, em março deste ano. O habeas corpus foi concedido pelo juiz do plantão do final de semana, Jeverson Luiz Quinteiro.
Fonte: PNB Online