Os comerciantes da região Central de Cuiabá não querem que o BRT (Ônibus de Trânsito Rápido) passe pelas avenidas Getúlio Vargas e Isaac Póvoas, como é previsto no projeto atual, temendo um caos maior no comércio local e impactos negativos, como já tem acontecido com os lojistas da Avenida do CPA, prejudicados pelas intervenções. Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL Cuiabá), Júnior Macagnam, uma solicitação foi feita ao Governo do Estado para que o modal não passe por essas duas vias.
“Achamos que não há densidade populacional suficiente nessa região, não há necessidade de causar todo esse tumulto, esse caos no trânsito. Até porque sabemos que o Centro Histórico é tombado e a partir do momento que for fazer uma obra naquela região, entram também as licenças do Ipham, que, na maioria das vezes, têm grandes dificuldade”, citou em entrevista ao RDTV Cast.
No entanto, a CDL espera que a Sinfra aprecie o pedido e altere essa parte da rota. “A própria CS Mobi ia instalar 100 totens no estacionamento rotativo e só foi autorizada a instalar 33 pelo Iphan. Você imagina uma obra subindo a Getúlio Vargas e encontra um artefato, o Ipham embarga a obra. Queremos que o Governo faça a linha do CPA ao aeroporto e a linha faça Centro ao Coxipó, e talvez, para o futuro, depois que estiver funcionando, a população estiver acostumada com o BRT, o BRT venha e suba a Getúlio Vargas e desça a Isaac Póvoas”, disse Júnior.
As obras do BRT já têm causado prejuízos aos comerciantes em Cuiabá na Avenida do CPA. Segundo um levantamento realizado pelo núcleo de inteligência da CDL, a queda no faturamento dos estabelecimentos alcançou 36%. Junior relatou que a situação tem levado muitos empresários a efetuarem demissões e enfrentarem dificuldades para manter seus negócios. Em Várzea Grande, uma grande “novela” aconteceu por anos com as obras do antigo VLT paradas e prejudicando os comerciantes e moradores da região. Com o medo de que a história se repita também no Centro, a CDL já vem pedindo essa mudança.

Quando as obras do BRT foram iniciadas em Várzea Grande, lojistas também se manifestaram contra as intervenções na Avenida Couto Magalhães e o projeto chegou a sofrer mudanças após diálogo. Agora, os comerciantes tentam o mesmo na região Central da Capital. No entanto, eles só terão respostas quando o imbróglio atual do BRT for resolvido e uma nova empresa assumir o contrato, para que as obras sejam retomadas. Enquanto isso, a Sinfra não deve fazer alterações no projeto.
“A gente espera que o governo seja sensível e ajude essas pessoas a saírem dessa. Porque, na realidade, nós entendemos que o BRT é importante para a mobilidade de Cuiabá, mas, ao mesmo tempo, nós não podemos ter essas pessoas prejudicadas por uma obra que, infelizmente, não está dentro do cronograma”, concluiu Júnior.
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