O Comando Vermelho já domina sozinho 71 cidades de Mato Grosso e tenta hegemonia em outras 14, seguindo o ritmo de expansão territorial entre as facções no país. O estado abriga quatro facções criminosas: Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC), Tropa do Castelar e B40. Elas estão distribuídas em 92 municípios, cerca de 65% do território mato-grossense, segundo o estudo Cartografias da Violência na Amazônia 2025.
Originários do Sudeste, CV e PCC exploram há mais de uma década as vulnerabilidades amazônicas, mas o CV avança com maior capilaridade e velocidade: em apenas dois anos, ampliou em 123% sua presença e passou a influenciar 286 cidades brasileiras.
Segundo o estudo, esse avanço das facções está diretamente ligado ao aumento das disputas territoriais e da violência na Amazônia. “A imensidão da região, a diversidade socioeconômica e a fragilidade institucional favorecem a expansão dessas organizações, inclusive em áreas legalmente protegidas, como terras indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação”, diz trecho.
Veja a lista de cidades em que o CV tem hegemonia:
- Acorizal
- Água Boa
- Alta Floresta
- Alto Araguaia
- Alto Boa Vista
- Alto Garças
- Apiacás
- Arenápolis
- Aripuanã
- Campinápolis
- Campo Novo do Parecis
- Campos de Júlio
- Canabrava do Norte
- Canarana
- Carlinda
- Castanheira
- Chapada dos Guimarães
- Cocalinho
- Colíder
- Comodoro
- Confresa
- Curvelândia
- General Carneiro
- Glória D’Oeste
- Guarantã do Norte
- Guiratinga
- Ipiranga do Norte
- Diamantino
- Itaúba
- Itiquira
- Juína
- Lambari D’Oeste
- Luciara
- Marcelândia
- Mirassol D’Oeste
- Nobres
- Nortelândia
- Nova Bandeirantes
- Nova Canaã do Norte
- Nova Monte Verde
- Nova Mutum
- Nova Nazaré
- Nova Olímpia
- Nova Ubiratã
- Nova Xavantina
- Novo São Joaquim
- Paranatinga
- Pedra Preta
- Peixoto de Azevedo
- Poconé
- Pontal do Araguaia
- Ponte Branca
- Porto Alegre do Norte
- Porto Esperidião
- Poxoreú
- Primavera do Leste
- Querência
- Reserva do Cabaçal
- Ribeirão Cascalheira
- Rosário D’Oeste
- Santo Antônio do Leste
- Santo Antônio do Leverger
- São Félix do Araguaia
- São José do Xingu
- São José dos Quatro Marcos
- São Pedro do Cipa
- Sepezal
- Tapurah
- Terra Nova do Norte
- Torixoréu
- Vila Rica
A pesquisa destaca ainda a formação de uma “territorialidade do crime”, marcada pelo domínio de rotas logísticas, exploração ilegal de recursos naturais e alianças locais com elites políticas e econômicas, além da disputa entre facções pelo controle desses territórios.
Essa diferença de hegemonia tem relação também com a diferença de estratégias, analisa a cartografia, visto que o CV tem uma meta de maior ocupação e o PCC prefere atuar de forma seletiva em corredores logísticos para o tráfico internacional de cocaína, preferindo pontos estratégicos em vez de ocupação pulverizada.
O CV ainda tenta domínio completo em outras 14 cidades mato-grossenses:
- Barra do Bugres
- Cáceres
- Cuiabá
- Itanhangá
- Juruena
- Lucas do Rio Verde
- Nova Marilândia
- Pontes e Lacerda
- Rondonópolis
- Sinop
- Sorriso
- Tangará da Serra
- Várzea Grande
- Vila Bela da Santíssima Trindade
Estratégias de controle
As facções têm diversificado suas estratégias de transporte e controle territorial. O CV mantém hegemonia nas rotas fluviais, especialmente no eixo do Rio Solimões, em articulação com a produção peruana e os cartéis colombianos. O escoamento das drogas segue em direção a centros portuários estratégicos como Manaus, Santarém, Arcarena, Belém e Macapá, utilizando embarcações regionais, lanchas rápidas, submersíveis e “mulas” humanas. O PCC, por sua vez, tem intensificado o uso de rotas aéreas clandestinas, aproveitando pistas de pouso em garimpos ilegais e unidades de conservação. (RD News)








