Comando Vermelho diz que elimina todos rivais até o fim do ano em cidade de MT

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A guerra entre as facções Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC) muda a rotina em uma das cidades turísticas de Mato Grosso. Cáceres, localizada a 225 quilômetros a oeste de Cuiabá, na divisa com a Bolívia, em menos de oito meses já superou o número de homicídios registrados durante 2024. Já são 26 assassinatos contra os 25 registrados no ano anterior.

Os crimes já são chamados de “traficocídios”, pelo fato de mais de 90% deles estarem relacionados com a guerra entre as facções. A situação se agravou nos últimos 50 dias, depois que a trégua entre ambas foi suspensa, em 30 de abril. O CV já avisou que até o final do ano os membros do PCC serão “totalmente eliminados”.

O delegado regional da Polícia Civil em Cáceres, Higo Rafael Oliveira, diz que com o fim da trégua na guerra entre as facções, que durou 150 dias, os índices de criminalidade explodiram na cidade. Lembra que em 2022 a cidade havia registrado 41 homicídios, em 2023 foram 35 e, no ano passado, caíram para 25. Mas com a guerra declarada este ano a expectativa é que eles voltem a subir.

As investigações da Polícia Civil mostram que a cidade está loteada, já que as duas facções se instalaram em bairros distintos de onde operam na disputa pelo tráfico. Outro detalhe é que os assassinos do CV têm sido arregimentados e vêm, em sua maioria, de Rondonópolis, para eliminar os rivais na cidade.

Outro detalhe é que cada vez mais a facção usa jovens e adolescentes com menos de 18 anos para a prática dos crimes, pelo fato da lei ser mais branda em relação a eles e pelo fato de existirem poucas vagas no sistema socioeducativo para abrigar o grande contingente de homicidas na faixa etária. Com isso, muitos deles têm a chance se ficar em liberdade, mesmo depois de serem apreendidos em flagrante.

Apesar do quadro caótico instalado no município, considerado um dos principais corredores do tráfico de cocaína do Estado, as forças de segurança têm conseguido bons resultados com ações rápidas e até, em muitos casos, conseguindo evitar as execuções com prisões dos criminosos antes dos ataques, aponta o delegado. Mas Higo Rafael admite que é uma luta incansável contra o crime organizado, todos os dias.

Acredita que caso uma das facções realmente consiga suprimir a rival, o número de execuções pode cair, mas crescem os demais crimes, como as extorsões contra comerciantes, ameaças e outros atos ilícitos praticados pelo grupo que quer se manter no poder.

“A Polícia não tem preferência por uma ou outra facção. Atuamos no combate ao crime organizado, em defesa da sociedade”, garante o delegado regional.

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