Com menor impacto urbano, modal chinês disputa espaço e reacende impasse no transporte da capital

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A proposta de implantação do Autonomous Rail Transit (ART), modal chinês guiado por sinalização no solo, elétrico, autônomo e sem necessidade de grandes obras de infraestrutura, voltou ao centro do debate sobre mobilidade urbana em Cuiabá. O sistema, já testado em países como o México, chama atenção por reunir características semelhantes às do VLT, porém com menor custo de implantação e menor impacto urbano do que o BRT.

Após retornar da viagem à China, onde conheceu a fábrica do modal e seus detalhes técnicos, o prefeito Abilio Brunini (PL) vem defendendo publicamente a adoção do sistema. Em explanação realizada na terça-feira (11), ele reforçou que o modelo é mais moderno, mais econômico e menos impactante do que outras alternativas já discutidas na capital.

Segundo o prefeito, representantes da empresa explicaram que o veículo pode operar em vias já existentes, com faixas exclusivas ou compartilhadas com o tráfego, exigindo apenas demarcação e instalação do sistema magnético. Um dos diferenciais é a capacidade de expansão rápida, já que novas linhas podem ser implantadas sem a necessidade de infraestrutura pesada.

A empresa também teria apresentado um orçamento preliminar, estimado em 3 milhões de dólares por quilômetro instalado. O valor é calculado por trecho, e não por veículo, variando conforme a demanda e o número de composições necessárias.

O ART é bidirecional, possui módulos de dois a quatro vagões e pode transportar até 250 passageiros por viagem na configuração de três vagões. O modelo pode ser encomendado sob medida, com diferentes alturas de plataforma, amortecedores reforçados e adequações às condições das vias de Cuiabá, conforme destacou o prefeito.

Segundo a comitiva de Abilio, o sistema completo, incluindo veículos, sinalização, recarga e integração, teria custo aproximado de 400 milhões de reais no cenário local. A entrega dos veículos levaria cerca de seis meses após a assinatura do contrato, com possibilidade de disponibilizar unidades de demonstração antes mesmo da conclusão das obras.

Ao detalhar as características do modal, a comitiva ressaltou que o ART supera o BRT em capacidade de transporte e eficiência, além de dispensar intervenções profundas nas avenidas do CPA e Fernando Corrêa. O sistema seria capaz de operar imediatamente em trechos já prontos, reduzindo impactos ao comércio e à rotina da cidade. Também poderia ser expandido futuramente para eixos como Avenida das Torres, Miguel Sutil ou Contorno Leste.

O debate agora segue com o Estado, responsável pela decisão final sobre a aquisição do novo modal. Enquanto isso, o ART ganha força como alternativa intermediária entre o VLT, já descartado, e o BRT, cuja implantação enfrenta resistência devido ao impacto das obras e ao desgaste acumulado na capital.

Para o Executivo municipal, o novo sistema é “30% mais barato do que o VLT, mais eficiente que o BRT e pronto para ser implementado”, representando a oportunidade de encerrar uma década de indefinições sobre o transporte estruturante de Cuiabá. (Leiagora)