A região Centro-Oeste precisa de uma refinaria de petróleo para atender a demanda cada vez maior do agronegócio por combustíveis. A avaliação foi feita pelo superintendente adjunto de Abastecimento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Rubens Cerqueira Freitas, durante a feira petrolífera “Oil & Gas”, no Rio de Janeiro.
Esse investimento é necessário porque Mato Grosso é a economia que mais vai crescer nas próximas décadas, além de ser o estado com maior crescimento econômico no país nos últimos 35 anos. Apesar da economia pujante, o custo de energia ainda é um problema no estado. Somado a isso, o Brasil precisa importar 30% do diesel consumido pelo mercado interno, devido à falta de refinarias.
Vivaldo Lopes, experiente economista de Mato Grosso, afirma que o estado e a região Centro-Oeste têm demanda por combustível o suficiente para justificar o investimento em uma refinaria.
“Pode até envolver o Tocantins, que não é do Centro-Oeste, mas pela proximidade. Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins absorveria muito bem uma refinaria”, diz.
O investimento, entretanto, precisa ser feito pelo capital privado, defende Vivaldo. O economista lembra que a Petrobras já vendeu 2 de suas 11 refinarias e colocou mais 3 à venda. Portanto, um investimento em refinaria se mostra contrário à atual estratégia de negócios da petroleira. Além disso, a iniciativa privada tem mais dinamismo para tocar um investimento deste porte.
“Se o capital privado estudar a viabilidade e entender que é viável e interessante investir numa refinaria na região Centro-Oeste, eu estou de acordo. Eu acho que tem consumo e é a região que, nos próximos 25 anos, mais vai crescer no país”, afirma Vivaldo, apontando que uma empresa bem capitalizada poderia concluir a obra em 5 anos.
Porém, há outros fatores que, ao contrário da tendência de aumento do consumo de combustíveis, pode afastar o investidor. São duas preocupações citadas por Vivaldo: uma é a distância dos campos de petróleo e outra é o tempo para a conclusão dessa obra, de varia de 5 a 7 anos. Aliado a isso, o investidor precisaria de cerca de 30 anos para reaver seu investimento. Porém, todos os problemas podem ser contornados, acredita o economista.
“Se uma empresa privada tiver interesse em construir, tem dinheiro e está disposta a esperar 25 a 30 anos para ter o retorno do capital, é uma decisão dela. O que eu acho é que não deve ser construída pela Petrobras. Entendo que aqui em Mato Grosso e a região Centro-Oeste já têm espaço para uma refinaria, indústria de fertilizantes e uma de máquinas e implementos agrícolas”, diz.
Sobre o risco de a transição energética inviabilizar o projeto, Vivaldo descarta essa possibilidade. Ele cita o exemplo do carvão, que era a principal fonte de energia há 100 anos e, mesmo com a transição para fontes mais limpas, ainda é utilizado nos Estados Unidos, Europa e, principalmente, na China.
“Pelo menos pelos próximos 50 a 75 anos, o mundo ainda vai depender bastante do petróleo”, conclui Vivaldo.
Fonte: Estadão de MT