Centenas de moradores do Altos do Ubirajara, em Cuiabá, foram surpreendidos na manhã desta terça-feira (19) com máquinas e viaturas de polícia para fazer o despejo da área. O local fica atrás de um hipermercado na Estrada de Chapada. De acordo com os moradores, a equipe de desapropriação chegou ao local por volta das 5 horas. As informações são do ‘Estadão de MT’.
Aparecida de Jesus, que mora no local há cerca de um ano após ganhar um terreno, conta que precisou ligar para a filha, que ainda estava dormindo. A preocupação dela é que, se retirada do local, não vai ter onde se abrigar, pois todos os familiares moram na região.
Chegaram de manhã, foi entrando um monte de carro de polícia, aí eu liguei para minha filha, que estava até dormindo e não estava sabendo do que estava acontecendo, eu falei pra levantar rápido”, conta Aparecida.
Ela também conta que o local estava completamente tomado pelo mato e os moradores fizeram a limpeza da região após se mudarem para lá. Segundo ela, várias pessoas já estavam uniformizadas para irem ao trabalho, quando foram surpreendidas com as autoridades chegando na ocupação.
A situação é a mesma de Monique Ângela, que mora no local com o esposo e o filho de três anos. A principal preocupação dela é que não tem para onde ir se for retirada do local, além do investimento feito para construção de sua residência.
“Como vocês estão vendo a minha casa é metade de lona, metade de madeira”, afirma.
“Para estar aqui, cada morador teve que suar, carpir, rastelar… A gente não quer nada, não quer ajuda de nada, a gente só quer ficar aqui, porque nós investimos. Você pode achar que é uma madeira velha, mas se você for no material de construção ver o preço dela. Isso é muito triste, revoltante, porque se tirar nós aqui, eu não tenho para onde ir”, disse.
Roniel Dias de Amorim soube quando chegou no trabalho que sua casa havia sido demolida. Ele mora na região há três meses e disse que com ajuda de moradores sua esposa conseguiu tirar os objetos da casa.
A jovem Carollayne Paula de Almeida, que tem três filhos – de 2, 6 e 8 anos – e está gravida de seis meses, foi acordada com a notícia da desapropriação. Ela chegou de passar mal durante a ação, sendo socorrida pelos moradores do local.
“Estava dormindo quando chegaram dizendo que era sair porque iam derrubar tudo. Se eu sair daqui não tenho para onde ir?”, disse emocionada.
“Eu acordei às 5h da manhã, peguei duas conduções, para chegar no trabalho. Às 7h, quando cheguei no serviço, a minha esposa entrou em contato chorando dizendo que eles tinham derrubado nosso barraco. Só chegaram e derrubaram tudo, falaram que era tirar as coisas para fora para o trator passar por cima”, relatou.
Fonte: Estadão de MT