Cresce o medo do coronavírus, na perspectiva de quem fazia em média oito sepultamentos diários e, hoje, eles já chegam a 30 enterros, no maior cemitério de Mato Grosso, no Parque Bom Jesus, na Capital.
Principalmente entre os agentes funerários e coveiros, responsáveis diretos pelo sepultamento das vítimas confirmadas e com morte suspeita pela covid-19.
Debaixo de equipamentos e roupas de proteção, hoje a consciência da finitude da vida é ainda maior. O medo pelo contágio mudou não só o olhar em relação a preservação da saúde, mas o cuidado com os familiares e amigos. Lamentam apenas que grande parte da população ainda ignore o risco do vírus mortal e continue a se expor desnecessariamente. A expectativa da administração é que nos próximos 40 dias a situação ainda esteja crítica.
4 mil jazigos sociais estão disponíveis para a Prefeitura de Cuiabá
Conforme noticiou O Bom da Notícia, até essa segunda-feira (6), o estado registrou 857 óbitos pela covid-19 e 22.078 pessoas infectadas.
Os corpos são embalados em sacos plásticos e colocados em caixões lacrados. Para este trabalho, usa-se equipamentos de segurança que incluem macacão, botas, máscaras, protetores e várias luvas. A falta de distanciamento social e o descaso com a quarentena têm contribuído para a situação de sobrecarga.
“Uma situação jamais imaginada. Nunca pensei que veria isso em Cuiabá. É triste ver o drama das famílias que precisam ficar distantes na despedida. Mas não tem como mudar isso”. É como José de Oliveira Lopes, 42 anos, define o momento de luto enfrentado pela sociedade. Ele atua há 30 anos na empresa que administra cemitérios no país e está em Mato Grosso há oito anos.
Com a chegada do coronavírus, a rotina na administração do maior cemitério de Mato Grosso exige mais. São reuniões frequentes de orientação aos funcionários, em relação as normas de segurança. Até agora no quadro de 80 colaboradores, nenhum caso suspeito. Deste total, cerca de 50 atuam diretamente nos sepultamentos, remoções de corpos e limpeza do cemitério que possui hoje cerca de 120 sepultados e outros 82 mil cadastros para sepultamentos.
Nos últimos 20 dias estima que houve um aumento de 300% no número de sepultamentos na Capital, chegando a 30 ao dia. O mesmo índice se observa em cemitérios administrados pelo grupo nas cidade de Várzea Grande e Rondonópolis.
A administração disponibilizou 4 mil jazigos sociais, para a Prefeitura de Cuiabá. São destinados às vítimas da covid-19 que não tem condições de pagar pelo sepultamento. Não há custo nem para os familiares, nem para o município. Pelo menos 40 túmulos já foram utilizados.
Diante do quadro mundial, José ressalta que a sociedade precisa ter consciência que vai conviver ainda um longo período com o vírus. Por isso a necessidade do isolamento social e constante higienização. Acredita que pelo menos 30% da população ainda insiste em ignorar os riscos de contrair a doença, morrer ou mesmo transmitir a outra pessoa mais vulnerável.
Fonte: O Bom da Notícia