Celular de Mauro Cid tinha documento com roteiro para golpe de Estado

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O celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, tinha um documento com uma espécie de plano de golpe para reverter a eleição de Lula (PT) no ano passado.

Também foram identificadas mensagens em que um oficial das Forças Armadas pede que Cid convença Bolsonaro a ordenar uma intervenção militar —o que configuraria um golpe de Estado.

As informações são de reportagem da revista Veja, publicada nesta quinta-feira (15).

De acordo com a publicação, o documento no celular de Cid —que está preso por ordem do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes— é intitulado “Forças Armadas como poder moderador”.

Dessa forma, o plano faz referência à tese utilizada por bolsonaristas de que militares poderiam ser convocados pelo presidente da República para intervir num caso de conflito entre os Poderes.

O texto no aparelho de Cid afirma que teria ocorrido “atuação abusiva do Judiciário” e dos “maiores conglomerados de mídia brasileira” para influenciar o eleitor no pleito de 2022.

A revista diz ainda que, pelo roteiro traçado no documento, Bolsonaro encaminharia um relato de supostas ilegalidades identificadas nas eleições ao comando das Forças Armadas. Eles então nomeariam um interventor, que teria poderes para suspender decisões consideradas inconstitucionais e afastar preventivamente ministros do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Também caberia a esse interventor investigar a conduta dos ministros do Supremo e marcar uma data para a realização de novas eleições —que seriam conduzidas por ministros do TSE substitutos.

Procurada pela Folha, a defesa de Cid afirmou que ainda não obteve acesso ao conteúdo divulgado e que, “por respeito ao Supremo Tribunal Federal, todas as manifestações defensivas serão feitas apenas nos autos do processo”.

O roteiro revelado pela revista não é o único documento de teor golpista ligado a auxiliares de Bolsonaro.
Em janeiro, a PF encontrou na residência de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, uma minuta golpista de decreto para instauração de estado de defesa na sede do TSE, como revelou a Folha.

O objetivo, segundo o texto, era reverter o resultado da eleição, em que Lula venceu Bolsonaro.

Segundo a revista Veja, no celular de Cid há também mensagens em que oficiais do Exército procuram o ajudante de ordens para defender medidas inconstitucionais.

O coronel Jean Lawand Junior enviou mensagens a Cid entre novembro e dezembro nas quais afirma que Bolsonaro precisava “dar a ordem” para uma ação das Forças Armadas. Em outra, ele pede a Cid: “Convença o 01 a salvar esse país!”.

Lawand atualmente está lotado no Estado-Maior do Exército.

Segundo a reportagem, Cid não rechaça as sugestões golpistas do coronel, mas diz que Bolsonaro não deu a ordem de intervenção por não confiar no Alto-Comando do Exército.

Em outra mensagem, o coronel Lawand Junior repassa mensagem de um amigo que afirma ter se encontrado com o general Edson Skora Rosty.

Subcomandante de Operações Terrestres do Exército, esse militar teria garantido ao interlocutor que a Força terrestre cumpriria uma eventual ordem de intervenção caso a recebesse. Ainda segundo esse relato, o general teria ponderado que o Exército nada faria sem uma ordem de Bolsonaro porque o movimento seria visto como um golpe.

À Veja Lawand afirmou ser amigo de Cid, com quem conversava amenidades. Ele também disse não se recordar de nenhum diálogo de teor golpista com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Fonte: Diário de Cuiabá