Carro usado acumula valorização de quase 45% em menos de um ano

Fonte:

A valorização de veículos usados e seminovos cresce neste fim do ano. Eles têm ocupado espaços do mercado deixado pela crise de insumos da indústria automotiva, que levou várias montadoras a suspenderem a fabricação ou fazerem readequações em suas linhas. E a valorização não é pouca: em outubro, o modelo de carro usado mais vendido chegou a ter alta de quase 45%, segundo ranking de vendas do InstaCarro.

“A crise global de abastecimento de veículos aqueceu muito este mercado, tanto que, se compararmos com outubro de 2019, antes da pandemia, a relação era de 3,7 usados para cada 0km vendido. Em outubro de 2021, a proporção cresceu para 4,4 usados a cada novo comercializado”, explica Assumpção Júnior, presidente Federação Nacional da Distribuição de Veículo Automotores (Fenabrave).

Produzido no Brasil entre 2010 e 2016, o Fiat Bravo foi o carro mais valorizado na plataforma InstaCarro em outubro, fechando o mês com alta de 43,86%. Conforme o levantamento, no mês de setembro o modelo era vendido a 52,81% do valor da tabela Fipe, em média, mas saltou para 76% do preço da tabela de referência em outubro.

Carro mais vendido do Brasil nos últimos anos, o Onix também tem sofrido forte valorização. Em algumas revendas, o modelo 20/20 já é vendido por preços mais altos do que um 0km. O fortalecimento do comércio de usados ocorre com um empurrãozinho das montadoras.

Em 2021, algumas montadoras no Brasil acionaram o botão de crise, com paralisações nas linhas de produção, por indisponibilidade de peças essenciais como os semicondutores. Em outubro, o setor de veículos novos voltou a crescer (2,6%). O avanço é considerado tímido, pois ainda está aquém da demanda represada e alta sazonal das festas de fim de ano.

“Os esforços das áreas de compras, logística e manufatura das montadoras merecem todos os elogios, mas infelizmente a demanda reprimida, somada ao tradicional aquecimento de fim de ano, poderá não ser atendida pela oferta”, afirmou Luiz Carlos Moraes, da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

O comprometimento de um dos elos da cadeia automobilística teve como consequência as maiores quedas de produção de carros novos em 2021. Em outubro, mesmo com a volta de algumas fábricas que estavam paradas, foi registrada a produção de 177,9 mil automóveis. O valor representa alta de 2,6% em comparação com setembro, mas ainda está 24,8% abaixo do que foi produzido em outubro de 2020.

“Geralmente outubro é um mês de produção bastante elevada, para abastecer as lojas na reta final do ano, quando a procura é mais aquecida. Porém, as limitações de componentes eletrônicos fizeram com que este outubro fosse o pior dos últimos cinco anos”, aponta o balanço mensal divulgado pela Anfavea.

Enquanto a indústria de carros novos tenta retomar o ritmo de produção e minimizar a queda, a comercialização de veículos usados já acumula crescimento de 30% na comparação entre os meses de janeiro e outubro de 2020 com os deste ano.

“Vale lembrar que outubro (20 dias) teve um dia útil a menos do que setembro (21 dias úteis). Além disso, no acumulado do ano, as transações de usados mostram crescimento de 30,84% sobre 2020”, analisa Alarico Assumpção Júnior, o presidente Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

A valorização dos modelos antigos pode ter afugentado, em parte, os compradores em outubro. No balanço feito pela Fenabrave, houve retração de -7,99% nas transações de veículos usados, considerando todos os segmentos, totalizando 1.214.255 unidades.

Mercados oscilam

Conforme a Fenabrave, 12,7 milhões de veículos trocaram de titularidade nos dez primeiros meses do ano, o que faz com que 2021 tenha o maior volume de transações de veículos usados desde 2005.

Entre os automóveis e comerciais leves, os modelos com até três anos de fabricação corresponderam a 13,63% do total de veículos transacionados. No acumulado do ano, estes veículos somam 11,7% do total.

Já no mercado de carros novos, a Anfavea diz que as vendas ao mercado interno e os estoques reduzidos refletem o que ocorre na produção, revelando que tudo o que é produzido é rapidamente repassado aos clientes.

No último mês, a Anfavea ressalta que 162,3 mil automóveis foram emplacados, 4,7% a mais que em setembro e 24,5% a menos que em outubro de 2020. “Assim como verificado na produção, este foi o pior outubro dos últimos cinco anos em vendas”.

Para o presidente da Anfavea, os números estão em linha com as projeções refeitas há um mês, que apresentavam um crescimento tímido em relação ao ano passado – diferente da expectativa do início do ano, que era de uma forte reação.

Fonte: Estadão de MT