Bandidos preferem furtar do que roubar carros, por medo de morrer em confrontos

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O número de furtos de carros em Cuiabá disparou nos últimos anos, enquanto os roubos vêm diminuindo. Em 2021, foram 391 roubos e 360 furtos. Já no ano passado o número inverteu e os furtos dispararam na Capital – foram 239 roubos e 405 furtos. Nos primeiros três meses desse ano, a alta continua, com registros de 33 roubos e 124 furtos.

O furto acontece sem a presença da vítima. Os bandidos aproveitam veículos estacionados para arombar e levá-los. Já no roubo, as vítimas são rendidas e a situação geralmente causa rfeação imediata da polícia.

RepórterMT conversou com o delegado Diego Martimiano, titular da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos Automotores (Derrfva), que explicou que a migração da modalidade em alguns casos é por conta do ‘medo’ que os criminosos têm de morrer em confrontos com a polícia após o roubo.

“Em alguns celulares apreendidos com alvos de operações, por exemplo, fazendo a análise dos dados, nós vimos em conversas com comparsas, os criminosos receosos em fazer o crime de roubo. Pelo medo da prisão e também por receio de morrer em confronto com a polícia”, explica.

Martimiano acrescentou que nos furtos, os bandidos sentem que há um risco menor a se correr, já que o crime é ‘silencioso’. “Há uma diminuição do flagrante, pois não tem aquela situação de abordarem na rua, de chamar atenção. Eles agora agem de maneira oculta”, destaca.

“Com as forças de segurança agindo e coibindo os roubos, eles acabam migrando para o furto”, completa.

O delegado também apontou a evolução tecnológica para os furtos. Na última terça-feira (04) foi deflagrada a segunda fase da Operação Kuron, contra um grupo criminoso envolvido em furtos de Hilux em Cuiabá. Entre os presos, estava um chaveiro, investigado por fornecer um equipamento que clonava as chaves dos veículos em 2 minutos.

“Eles evoluíram na pratica criminosa, com novos dispositivos”, afirma Martimiano. “Há alguns anos eles não conseguiam ligar esses veículos mais modernos. Agora, eles se modernizaram e estão conseguindo fazer a ignição e levando sem a necessidade do roubo”, salienta.

Entre os principais veículos furtados neste ano pelos criminosos, está a Hilux blindada do secretário de Segurança Pública, César Roveri. O veículo foi furtado na noite do dia 6 de maio, enquanto o secretário estava estacionado no Posto Bom Clima, em Cuiabá.

Após a grande repercussão do crime, o veículo foi localizado no outro dia, abandonado em uma região de mata, nos fundos do bairro Paiaguás, em Cuiabá, nas proximidades da sede do Inpe.

Repressão da polícia e destinação de veículos

A mudança na modalidade ligou o alerta da Polícia Civil. Conforme o delegado, já foram deflagradas duas grandes operações neste ano para caçar os membros da organização criminosa que atuam nesse tipo de delito.

Foram elas: a Operação Kuron, que teve duas fases e investiga um grupo responsável por furtos de Hilux em Cuiabá e a Operação Avalanche, também foram duas fases da ação que investiga furto, receptação e desmonte de motos na Capital.

Durante as ações, a Polícia descobriu a destinação dos veículos. Segundo o delegado Diego Martimiano, a maioria das caminhonetes são levadas pelos criminosos para a Bolívia, onde a maioria são trocadas por drogas.

Outra parte dos veículos (entre caminhonetes e carros) os bandidos fazem a clonagem das placas e tentam inserir novamente no mercado, por vendas pela internet, principalmente no OLX e no Market Place do Facebook, como se fosse o original.

Já as motos, conforme o delegado, grande parte delas vão para desmanche. De lá, eles vendem as peças para lojas de autopeças.

“Em regra essas autopeças compram veículos de leilões em outros estados, eles têm as notas fiscais da moto, e ‘reparam’ com as peças que vieram das motocicletas furtadas”, explica Martimiano.

Aparelho usado para furtos

Durante as operações, a Polícia Civil também descobriu os aparelhos que os criminosos usam para ligar os carros que são furtados.

Um deles é como se fosse uma central eletrônica. O ladrão abre o veículo com uma chave de fenda, sem disparar o alarme. Em seguida, insere o aparelho no painel e ganha controle sobre o veículo.

O outro é um aparelho que cria uma chave “clone” do automóvel. O bandido invade o carro do mesmo jeito, com uma chave de fenda e sem disparar o alarme. Depois, ele usa o emulador para “cadastrar” uma nova chave e ligar o veículo. Os dois processos duram poucos minutos.

Fonte: Repórter MT