Autor de chacina diz que sofreu chacota por traição da mulher

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O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) colocou em xeque os depoimentos de Edgar Ricardo de Oliveira, autor da chacina de Sinop (480 km de Cuiabá). Na audiência de instrução, no mês passado, o réu optou por responder apenas às perguntas da defesa e negou que tenha praticado o crime – assassinato de sete pessoas – em razão das sucessivas derrotas em jogos de sinuca. Segundo Edgar, no dia das sete mortes, as vítimas teriam feito chacota dele, tecendo comentários sobre supostas traições em seu relacionamento conjugal.

Segundo interrogatório do réu, as vítimas acusaram a esposa dele da infidelidade e disseram ainda que ele não seria o pai biológico da filha do casal. Edgar ainda afirmou que agiu motivado por situações do passado.

O depoimento foi corroborado apenas pela esposa e pela mãe do réu, que confirmaram que existiam desavenças anteriores entre Edgar e o dono do bar, Maciel Bruno de Andrade da Costa, uma das vítimas da chacina, envolvendo as ex-namoradas do réu e a atual convivente.

Em sede de memoriais finais submetidos à Justiça no dia 10 de julho, o Ministério Público refutou a tese com base no depoimento de outras testemunhas, inclusive as próprias ex-namoradas de Edgar, que reafirmaram que o réu se tornava agressivo quando perdia nas partidas de sinuca.

“Cumpre ressaltar que a motivação apresentada pelo acusado EDGAR em seu interrogatório judicial, corroborada pela sua mãe e esposa, informantes que têm interesse que sua responsabilização criminal seja atenuada, se mostra isolada de todas as demais provas produzidas nos autos, sobretudo depoimentos das testemunhas e imagens das câmeras de segurança, que revelam que o crime foi praticado pelo motivo torpe acima descrito”, diz trecho.

Nesse sentido, o MP reiterou os pedidos da denúncia para que o réu seja pronunciado ao Tribunal do Júri pelos sete homicídios qualificados e crimes conexos.

COMPARSA

No dia do crime, Edgar contou com a ajuda de um comparsa, Ezequias Ribeiro, para executar as sete vítimas. Ezequias, porém, foi morto durante o cerco da Polícia Militar aos suspeitos.

Já Edgar preferiu se entregar depois de alinhar com o advogado criminalista Marcos Vinicius Borges garantias a sua própria segurança.

Desde o início das investigações, as autoridades trabalham com a hipótese de que os dois agiram por motivo fútil, já que no dia do crime perderam uma alta quantia de dinheiro em apostas de sinuca e voltaram para se “vingar” do prejuízo. (HNT)