Associação de Restaurantes se pronuncia e pede mudanças na Lei do Silêncio

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A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MT) em Mato Grosso está defendendo alterações na Lei do Silêncio. A entidade, inclusive, já iniciou uma série de reuniões com a Secretaria de Ordem Pública de Cuiabá.

A principal mudança defendida pela associação é em relação ao ponto de medição dos decibéis estipulados pela lei.

A presidente da Abrasel-MT, Lorenna Bezerra, diz que a legislação atual deixa a interpretação na mão dos agentes fiscalizadores.

“Não está claro onde é feita a aferição dos decibéis. Alguns falam para fazer dentro [do estabelecimento], outros do outro lado da rua, ou no local onde foi feita a denúncia, mas muitas vezes a denúncia é anônima. Isso precisa estar alinhado com a lei, sem brechas para interpretação”, diz.

Outra questão abordada é o fechamento dos bares e restaurantes sem antes haver a notificação prévia.

“A Associação está absurdamente contra o fechamento por conta de poluição sonora”, disse a presidente.

Só nesta semana, durante a “Operação Decibéis”, a Prefeitura e a PM suspenderam as atividades de dois bares por excesso de barulho.

Lorenna comentou sobre outro exemplo recente, ainda em janeiro, no restaurante “Cão Véio”. O dono foi abordado pela Polícia no terceiro dia de funcionamento por causa do excesso de barulho. A denúncia partiu de uma juíza, vizinha ao estabelecimento.

“Eu acho que a juíza foi arbitrária de já chegar e querer fechar um restaurante. Ali era uma rua abandonada antes. O cara fez um baita investimento e gerou emprego, renda e movimento. Então não é simplesmente chegar lá e fechar, apreender. Ele nem sequer foi notificado. E ela foi a única pessoa que reclamou”, explicou.

Lorenna ainda informou que o setor é um grande contribuinte para a economia do Estado. São cerca de 34 mil CNPJs cadastrados com a geração de 70 mil empregos.

Segundo a presidente, os bares e restaurantes também colaboram com a segurança do entorno, ao torná-lo mais movimentado.

“O estabelecimento ajuda a revitalizar a região. Tem muitas ruas que antes eram escuras, abandonadas e perigosas, e aí chegou um bar ou um restaurante e levou vida para lá”.

“Tem que haver primeiro uma notificação e depois uma adequação do espaço. Muitas vezes é necessário um projeto acústico e o empresário ainda não sabe. Ele não é o vilão. Às vezes o cara acabou de abrir, ainda não testou o som, não tem o entendimento de que vai precisar fazer um projeto acústico”.

Outro tópico que precisa ser discutido com a Prefeitura, de acordo com a presidente, é que a lei vale para qualquer ruído sonoro, como carro, buzina, obras e até conversas. A lei define as mesmas medidas para empresas (CNPJs) e pessoas comuns (CPFs).

“Não é sobre mudar [o limite de decibéis] e querer mais barulho, sabe? É sobre dar uma atualizada na lei em alguns pontos que precisam ser realmente vistos”.

Em relação à necessidade de isolamento acústico, Lorenna concorda, e reforça que é uma lei e deve ser cumprida. Para bares e restaurantes que não possuem grande volume sonoro, a associação dá dicas como a utilização de materiais como madeira, tecido e espuma.

“Mas dependendo do grau, precisa ter um projeto acústico mesmo, e fazer esse isolamento de forma profissional”.

Atualmente, a quantidade de decibéis permitida se dá da seguinte forma:

Tipo de área

Período diurno

(7h às 19h)

Período vespertino

(19h às 22h)

Período noturno

(22h às 7h)

Residencial

55 dBA

50 dBA

45 dBA

Diversificada

65 dBA

60 dBA

55 dBA

Industrial

70 dBA

60 dBA

60 dBA

Lorenna Bezerra acredita que essas reuniões são um grande passo para o equilíbrio entre estabelecimentos e sociedade.

“Ainda pode levar um tempo até ser aprovado, mas é um grande passo já estar começando essa construção”. Fonte: Midianews