Após quase uma década fechado, a reabertura do Aquário Municipal Justino Malheiros, em janeiro deste ano, em Cuiabá, trouxe fôlego à Orla do Porto e ao comércio da região. A atração tem recebido muitos visitantes e impactado positivamente na economia local.
Desde a inauguração, a atração localizada no Museu do Rio, conta com entrada gratuita e já recebeu cerca de 150 mil visitantes. A atração reviveu a área turística que estava abandonada nos últimos anos.
Em entrevista ao MidiaNews, Jean Biancardini, proprietário do restaurante Regionalíssimo, tradicional da culinária cuiabana e que está instalado no Museu do Rio há 30 anos, disse que o aumento da clientela nos últimos três meses foi surpreendente.
“Foi da água para o vinho. Aqui era um ponto morto. O pessoal achava que aqui era um lugar receoso de vir, no Porto. Não tinha coisa para ver também. Não tinha nada. Só tinha o restaurante”, disse.
“Só os cuiabanos antigos, que gostavam da comida, que vinham aqui. Com o aquário, com essas feirinhas que estão tendo, movimentou. De ponto morto, virou point. Aqui virou moda. Estamos na onda”, afirmou.
Segundo Jean, além do aumento no fluxo de clientes locais, também percebeu muitos turistas e grupos de excursão visitando o Museu. Devido às mudanças, uma das adequações que o restaurante precisou fazer foi ampliar o número de funcionários.
“Aqui é atração turística, mistura da cultura regional, culinária, artesanato. Agregou muito. Não tenho previsão, mas acho que foi 100% de melhora. Hoje tem policiamento, tem estacionamento, tem tudo”, disse.
Para fomentar ainda mais o turismo, na área central do Museu, está sendo realizada a Cuiabarte, uma feira com 30 stands que oferece produtos do artesanato à gastronomia, que se estende até o dia 11 de maio.
Entre os expositores, três deles são de fora, sendo dois artesãos do Rio Grande do Sul e Bahia, e um doceiro de Marrocos. A projeção feita pelos feirantes e os realizadores é que as vendas girem em torno de R$ 450 mil por mês
Shopping Orla
A cerca de 500 metros do aquário fica o Centro Comercial Popular de Cuiabá, conhecido como Shopping Orla, outro beneficiado com a melhora na infraestrutura e segurança da região.
Foto: Victor Ostetti/MidiaNews

O Shopping Orla está em um período sensível devido à falta de interesse dos lojistas em ter uma banca
Fundado em 2012, o centro popular, inicialmente, tinha 250 lojistas. Entretanto, devido ao abandono da Orla durante a gestão Emauel Pinheiro, a queda no turismo impactou o fluxo de pessoas e consequentemente levou os comerciantes a desocuparem seus pontos.
Atualmente, cerca de 30 bancas estão em funcionamento. Entre elas, está a da dona Maria Souza, que há 12 anos trabalha no ramo do vestuário. Apesar de não ter visto melhora nas vendas, Maria disse que tem se sentido mais segura com o aumento do policiamento.
“Sempre tive a mesma quantia de vendas, não mudou com a abertura do aquário. A maioria das minhas mercadorias são comuns, pego em Goiânia e trago para cá. Acho que por ser vestuário geral, não mudaria com os turistas vindo para cá”, disse ela.
Segundo Maria, apesar de o fluxo não ter sido convertido em mais vendas, ela acredita que a movimentação de visitantes e turistas foi benéfica na ocupação da região da Orla e influenciou na queda da criminalidade.
“Eu sou daqui, do Porto. Nasci e vivi a vida inteira aqui. Então, não tenho medo de andar na rua, faço meu trajeto para cá todos os dias, saio para almoçar nos restaurantes próximos, mas isso é porque conheço a região”, disse.
“Acontece, mas a gente não vê tanto caso de roubo, furto. Mas o reforço do policiamento aqui, depois que abriu o aquário, teve diferença. Pode dizer que diminuiu mais, uns 50%. Porque toda hora a gente vê viaturas da Polícia passando na rua”.
Mercado do Porto
O Mercado Municipal Antônio Moisés Nadaf, conhecido como Mercado do Porto, que teve parte da estrutura recém entregue no início do ano, também foi muito impactado pela reabertura do Aquário. A diversidade encontrada no mercado, que vai desde a gastronomia ao artesanato, é um chamariz aos turistas e visitantes locais.
Há 30 anos trabalhando no local, o empresário Nicodemos Assunção, proprietário do restaurante Rei do Mocotó, de culinária regional, viu uma disparada de 80% nas vendas de iguarias, em especial do peixe à moda cuiabana.
“Como o aquário agora é de graça, aumentou muito o movimento. Melhorou bastante, porque os turistas visitam lá e vêm aqui também. Na época de férias, vem muito turista. Tem vindo também muita gente da região, que não conhecia aqui”, disse.
“Para nós aqui, que o nosso restaurante tem mais de 30 anos, foi uns 80% de aumento. A gente abre de terça a domingo, e a procura das pessoas aqui tem sido boa. Acho que a reforma do mercado e da Orla também ajudou”
“Porque era um lugar que estava esquecido, abandonado. Agora com o aquário funcionando, o Mercado finalizado, gera emprego, gera renda, movimenta o comércio local, o entorno. Tudo fica melhor”, acrescentou.
Apesar de alguns setores terem sido favorecidos com a abertura do Aquário, a proprietária de uma loja de vestuário regional no Mercado do Porto, que preferiu não se identificar, disse que, nos últimos três meses, não viu diferença no caixa.
“Para mim aqui continuou igual. Porque muitos desses visitantes acabam comprando coisas lá no aquário mesmo. Agora com essa feirinha que está tendo lá, acho que menos gente ainda vem para cá comprar roupa, boné, que é o que eu vendo”, disse ela.
Já para Maria Solange Silva, permissionária de uma banca de hortifruti há 20 anos no Mercado do Porto, o fluxo tem sido também ótimo para as vendas. Alocada logo na entrada da feira, ela disse que a visibilidade tem sido ainda mais positiva para seu negócio.
Segundo Maria, seu produto mais procurado nos últimos meses tem sido as pimentas que ela compra de fora do Estado. “Posso dizer que melhorou uns 70% para mim. Não sei se é por causa da mudança da feira ou se é por causa do aquário, mas tem sido bom. Aqui vem pessoas da cidade, mas vem pessoas de fora também”, disse. (Fonte: Midianews)