A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) divulgou nesta quinta-feira (10.07) uma nota em que manifesta preocupação com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras ao país a partir de 1º de agosto.
Sem mencionar as motivações políticas alegadas por Trump, como o julgamento de Jair Bolsonaro no STF ou a participação do Brasil no Brics, a entidade defende que o Brasil não deve arcar com as consequências de questões que não são dos brasileiros. “Conflitos que não são nossos não podem gerar prejuízo aos brasileiros”, afirma o texto.
A Aprosoja evitou se posicionar sobre as declarações de Trump, que associou a medida à “perseguição” de aliados do ex-presidente brasileiro e às decisões do Supremo Tribunal Federal. No texto, a associação alerta para os potenciais efeitos econômicos da medida, especialmente sobre o agronegócio, que representa cerca de 25% do PIB nacional e é a base da economia de Mato Grosso.
“O aumento nas exportações de carnes influencia diretamente o consumo de soja e milho, já que a engorda de aves e o confinamento bovino são cada vez mais utilizados no Brasil”, diz a nota. Segundo a entidade, os Estados Unidos são parceiros estratégicos do Brasil não apenas como compradores, mas também como fornecedores de insumos essenciais ao setor, como combustíveis prontos (óleo diesel, gasolina e nafta), máquinas agrícolas de alta tecnologia e componentes eletrônicos.
A entidade destaca ainda que um possível aumento nos custos logísticos e produtivos pode pressionar a inflação, afetar o preço dos alimentos e resultar na alta da taxa de juros (Selic), o que encareceria ainda mais o crédito rural, que é considerado um dos mais caros dos últimos anos pelos produtores.
“O agronegócio é o setor que mais cresce na geração de empregos no país. Prejudicá-lo é penalizar diretamente o interior do Brasil”, afirma a nota. Para a Aprosoja eventuais retaliações por parte do governo brasileiro podem agravar ainda mais o cenário. “Trump deixou claro que, se o Brasil retaliar, o valor será somado aos 50% já impostos”.
Ao final, a associação pede a busca urgente por soluções diplomáticas: “A Aprosoja Mato Grosso, como entidade político-classista, defende seus produtores e alerta que os efeitos dessa guerra comercial podem recair sobre toda a sociedade: com alimentos mais caros, transporte pressionado, inflação elevada e perda de competitividade do setor produtivo”.
Leia a nota na íntegra:
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) manifesta preocupação com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre tarifas adicionais de 50% a produtos brasileiros. A medida, se implementada, pode ter efeitos profundos no campo e na mesa dos brasileiros.
Os EUA são um parceiro estratégico do Brasil, principalmente no setor agropecuário. Exportamos carnes, café, suco de laranja, etanol de milho e aeronaves da Embraer, que dependem de peças americanas. O aumento nas exportações de carnes influencia diretamente o consumo de soja e milho, já que a a engorda de aves e suplementação nutricional com rações , e o confinamento bovino e são cada vez mais utilizados no Brasil.
Importamos dos EUA combustíveis prontos, como óleo diesel, gasolina e nafta, essenciais para a produção agrícola e o transporte de alimentos, desde a lavoura até os centros de distribuição. Um encarecimento desses insumos elevará os custos de produção e poderá impactar os preços dos alimentos, agravando a inflação.
Também importamos máquinas agrícolas de alta tecnologia e componentes como chips, processadores e sistemas avançados, fundamentais para a competitividade do agro brasileiro. Barreiras comerciais podem dificultar esse acesso e travar a inovação no campo.
Com a inflação em alta, há risco de aumento da taxa básica de juros (Selic), encarecendo ainda mais o crédito rural, que já está entre os mais caros da história recente. Isso desestimula o produtor, que enfrenta margens negativas e uma das maiores crises do setor nos últimos 20 anos.
O agronegócio representa cerca de 25% do PIB e é o setor que mais cresce na geração de empregos no país. Prejudicá-lo é penalizar diretamente o interior do Brasil, que depende da força do campo para manter sua economia girando.
Além disso, Trump deixou claro que, se o Brasil retaliar com tarifas, o valor será somado aos 50% já impostos, aumentando o risco de retaliações ainda mais severas.
A Aprosoja Mato Grosso, como entidade político-classista, defende seus produtores e alerta que os efeitos dessa guerra comercial podem recair sobre toda a sociedade: com alimentos mais caros, transporte pressionado, inflação elevada e perda de competitividade do setor produtivo.
Conflitos que não são nossos não podem gerar prejuízo aos brasileiros. É hora de buscar, com urgência, o caminho do diálogo diplomático. (PNB)