Apreensões de ‘vapes’ em MT quase dobram em 2024 e médica alerta sobre riscos à saúde

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Mesmo tendo sua comercialização, importação e propaganda proibidas no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, dados divulgados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) apontam que apenas no primeiro semestre de 2024, as forças de segurança atenderam 89 ocorrências envolvendo apreensões de cigarros eletrônicos em Mato Grosso.

O número é quase o dobro de ocorrências registradas em todo o ano de 2023. Naquele ano, foram 58 casos envolvendo ‘vapes’, como são popularmente conhecidos, de janeiro a dezembro. No entanto, a Pasta não divulgou o quantitativo de unidades apreendidas.

Para entender quais os riscos do consumo dos ‘vapes’ para a saúde, o HNT procurou a médica pneumologista Dra. Egle Sousa Pereira, graduada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e mestra na área do tabagismo. A médica está inscrita no CRM sob o número: 3338/MT e com Registro de Qualificação de Especialista (RQE) sob a inscrição 1216.

Segundo a especialista, os cigarros eletrônicos se popularizaram entre os jovens com a falsa promessa de que seriam menos nocivos do que os tradicionais. Contudo, na realidade, os ‘pods’, são muito piores e o uso está relacionado ao aparecimento de lesões pulmonares que podem levar à morte.

“São piores. O aerossol (vaporzinho) liberado pelos dispositivos eletrônicos agride o pulmão e contém diversas substâncias químicas, entre metais pesados, partículas ultrafinas que se depositam e inflamam o pulmão e agentes sabidamente cancerígenos. Não se tem conhecimento de todas as substâncias que são usadas na produção dos vapers. Já foram encontrados nos cigarros eletrônicos fertilizantes, amônia, desinfetante, ácido cítrico e até anticorrosivos. Os vapes não são inofensivos. Viciam, lesionam e promovem graves sequelas”, explicou a especialista à reportagem.

Assim como os cigarros tradicionais, o consumo de pods também pode causar câncer e doenças cardiopulmonares, além de piorar condições de saúde já existentes.

“Os usuários estão mais predispostos a desenvolver vários tipos de câncer (pulmão, estômago e bexiga) e vão apresentar doenças respiratórias como o enfisema pulmonar mais precocemente. E aqueles que já tem doenças como bronquite e asma vão ter descompensações mais frequentes e menor qualidade de vida”, alertou Egle Sousa Pereira.

Além disso, o tabagismo pode causar inflamações pulmonares e fazer com que doenças como a pneumonia, por exemplo, piore ou com que o paciente tenha mais dificuldade para se recuperar da enfermidade.

A médica informou que além de mais perigoso, os vapes também têm risco de adicção aumentado devido à forma da nicotina utilizada em sua confecção.

“A nicotina usada mais frequentemente é em forma de sal, mais potente e mais viciante. Esse tipo aumenta a concentração de nicotina sem causar desconforto na garganta, então leva ao vício mais rapidamente. Além disso, o uso do cigarro eletrônico aumenta em quase três vezes o risco de experimentação de cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de se tornar um fumante regular”, esclareceu.

A especialista advertiu que não existe nenhuma medida que minimize os males causados na saúde pelo uso de cigarros eletrônicos e foi categórica: “O que deve ser feito é deixar de utilizá-los”, aconselhou. (HNT)