Após um ano da repercussão, açougue ainda entrega quase 600 kg na fila dos ossinhos de Cuiabá

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Há um ano, as filas quilométricas de moradores de Cuiabá aguardando doações de ossinho
(restos da desossa do boi), no Atacadão da Carne, no bairro CPA 2, na Capital, ganhou
repercussão nacional. Com as constantes altas nos preços dos alimentos, a busca pelos
pacotes de ossos ainda é recorrente, com quase 600 kg distribuídos por dia.

Não é raro que, ainda de madrugada, as primeiras pessoas comecem a se alinhar perto do
estabelecimento para garantirem um pouco da proteína. O caso ganhou proporção nacional
através de uma reportagem publicada pelo UOL, em 16 de julho do ano passado.

A proprietária do açougue, Samara Rodrigues de Oliveira, conta que chegou a não dar conta da demana após a repercussão da doação, que acontece há mais de 10 anos, mas bateu recordes durante a pandemia.

“Não estava me fazendo bem, estava muito envolvida nas histórias, meu marido passou por cirurgias. Depois da repercussão, a notícia das doações se espalhou, muitas pessoas vinham. É difícil de administrar, mas até onde o Senhor me usar, vou fazer muito mais”.

Agora, os ossinhos são distribuídos toda segunda e quinta-feira, sempre às 6h. Antes, a
entrega começava às 11h, mas o açougue mudou o horário para evitar que as pessoas
ficassem aguardando em baixo do sol quente.

Durante o ano, Samara também conseguiu distribuir sacolão para as famílias que iam em
busca dos ossinhos. Além disso, a empresária aumentou o tamanho do pacote doado que,
agora, chega a pesar quase 3 kg.

Muitas das pessoas que aguardam na fila não conseguem comprar carne há muito tempo por conta da falta de recursos financeiros. Ela garante que é impossível não se emocionar com a situação daqueles que vão em busca dos ossinhos.

“Não tem quem venha aqui que não se emocione com a alegria deles [em receber as doações]. É difícil, alguns choram na fila. São muitos idosos, pessoas com câncer, avós que cuidados dos netos. Me sinto honrada por ser usada para fazer as doações. Eles têm um carinho enorme por mim. Quando apareço é uma festa”.

Samara afirma que tem esperança de que um dia as filas em busca dos ossinhos sejam menores. No entanto, até lá, ela garante que a proteína seja entregue para as famílias que vão ao açougue.

Fonte: Olhar Direto