A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) informou, na manhã desta quarta-feira (7), que não conseguirá pagar, já em dezembro, as bolsas e auxílios aos estudantes, após um novo bloqueio no Orçamento feito pelo governo federal, de R$ 5,7 bilhões. Na instituição mato-grossense, o impacto foi estimado em mais de R$ 13,7 milhões.
A instituição ainda apontou que possui R$ 10 mil em caixa e um déficit de R$ 5,2 milhões — situação que afeta 1.726 estudantes, além do funcionamento geral da universidade, pesquisas, atividades extracurriculares e serviços terceirizados, conforme a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PRAE).
Uma delas é a estudante de geografia e representante estudantil, Fernanda Zimmer, de 24 anos. Ela saiu de São Paulo para estudar em Cuiabá.
“Meu suporte financeiro vem 100% da UFMT. Absolutamente tudo que eu tenho vem da assistência estudantil. Com o contingenciamento e a suspensão das bolsas, eu corro o risco de ter que trancar a minha matrícula. Não tenho mais dinheiro para as contas e o aluguel. Se não houver auxílio, nem volto mais para estudar”, explicou.
Fernanda Zimmer espera que a situação seja revertida para continuar os estudos — Foto: Cedida
A UFMT encaminhou ofício ao ministro da Educação, Victor Godoy Veiga, solicitando o desbloqueio dos recursos. Na quinta-feira (1º), o governo federal voltou a bloquear os valores que já haviam sido liberados um dia antes.
A estudante de jornalismo, Mariana da Silva, de 22 anos, não recebeu a bolsa de monitoria referente a novembro. Segundo ela, a universidade informou que não há previsão para o repasse por parte do Ministério da Educação (MEC).
“Eu estava contando com o valor dessa bolsa mensal desde o início do semestre. É um valor significativo para mim. Não sou de Cuiabá e persisto para me manter aqui, estudando. Foi um compromisso firmado que não se cumpriu efetivamente”, contou.
Mariana Silva estuda jornalismo e sente impacto do corte da bolsa de monitoria — Foto: Cedida
O acadêmico de economia, Antônio Anacleto, de 21 anos, mora na Casa do Estudante Universitário (CEU), administrada pela instituição. Até o momento, a manutenção do imóvel não foi afetada pelos cortes no Orçamento, mas a incerteza preocupa.
Antônio Anacleto conta que mora na Casa do Estudante Universitário, que ainda não foi afetada pelo bloqueio orçamentário — Foto: Cedida
Ele é de São Paulo e se mudou para Cuiabá para estudar.
“A gente tem a garantia de ter a casa, diferente do que acontece com quem recebe o auxílio moradia, que com o corte, já não consegue pagar o aluguel desse mês. Agora, é esperar e ver como os cortes do governo vão afetar a rotina de quem mora no CEU”, disse. (GE/sob supervisão de Pedro Mathias)