Após ataques bolsonaristas, Padre Zezinho deixa as redes sociais

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O padre José Fernandes de Oliveira, conhecido como Padre Zezinho, fez um desabafo nas redes sociais após sofrer ataques de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Padre Zezinho é da Congregação do Sagrado Coração de Jesus e muito famoso entre os católicos devido à sua obra na música cristã. Após os ataques e um post de desabafo, o padre anunciou que vai deixar as redes sociais até o dia 31 de outubro, um dia após a votação do segundo turno das eleições presidenciais.

Padre Zezinho denunciou que os ataques de bolsonaristas ocorreram depois da celebração de Nossa Senhora Aparecida, na última quarta-feira (12.10). Naquele dia, grupos bolsonaristas também hostilizaram a imprensa que cobria a celebração no Santuário de Nossa Senhora Aparecida e vaiaram o arcebispo da Arquidiocese, Dom Orlando Brandes, durante a homilia em que ele falava sobre a necessidade de combater a fome no Brasil.

Em uma publicação em sua conta no Facebook, Padre Zezinho disse que cansou de “abrir espaço para católicos super politizados, irados e insatisfeitos”. E que por esta razão iria encerrar temporariamente sua conta na rede social até o fim do segundo turno.

“Depois das ofensas de hoje contra o Papa, contra os bispos, contra mim, com calúnias e palavras de baixo calão estou fechando esta página até dia 31 de outubro. O triste é que as ofensas são todas de católicos radicais que preferiram o seu partido político ao catecismo católico”, reclamou o sacerdote.

“Meus 81 anos, meus 56 anos de padre, meus 102 livros, minha cultura religiosa, minhas mais de 2 mil canções nada dizem para eles. Insistem que não lhes sirvo mais como padre e pregador para eles. Acharam candidatos mais católicos do que Papas e bispos, cujos documentos nunca leram. A Bíblia nada lhes diz. Só conhecem as passagens políticas que ajudem o seu partido. Padre bom é o que vota com eles”, completou Padre Zezinho.

No mesmo dia da celebração de Nossa Senhora Aparecida, o padre Camilo Júnior disse que o momento não era de “pedir de voto, mas de “pedir bênção” à santa. A fala aconteceu após visita do chefe do Executivo. “Parabéns a você que está aqui dentro e testemunha. Parabéns a você que está aqui dentro e está rezando, porque hoje não é dia de pedir voto. É dia de pedir benção”, disse.

Confira abaixo o texto publicado pelo Padre Zezinho:

“Cansei de abrir espaço para católicos super politizados, irados e insatisfeitos com a nossa Igreja. Estou me retirando até dia 31.

Depois das ofensas de hoje contra o Papa, contra os bispos, contra mim, com calúnias e palavras de baixo calão, estou fechando esta página até o dia 31 de outubro.

O triste é que as ofensas são todas de católicos radicais que preferiram o seu partido político ao catecismo católico.

São Paulo tinha razão quando escreveu as epístolas a Timóteo e aos cristãos de Tessalônica. Não querem catequese, nem o Vaticano II, nem os documentos da CNBB, nem nenhuma orientação social e espiritual.

Já escolheram ser catequizados por dois poderosos políticos brasileiros.

Meus 81 anos, meus 56 anos de padre, meus 102 livros, minha cultura religiosa, minhas mais de 2 mil canções nada dizem para eles. Insistem que não lhes sirvo mais como padre e pregador para eles.

Acharam candidatos mais católicos do que Papas e bispos, cujos documentos nunca leram. A Bíblia nada lhes diz. Só conhecem as passagens políticas que ajudem o seu partido. Padre bom é o que vota com eles.

Quem ajuda a dialogar com a Bíblia na mão é visto como padre inútil, ateu, comunista ou ultrapassado. Nem o Papa argentino escapa. Há 2 mil anos os escribas e fariseus e saduceus e outros quatro grupos políticos fizeram o mesmo com Jesus. Para estes religiosos radicais e ultra politizados, tudo o que ele dizia era errado.

Continuam a dizer que sou mau padre, que sou comunista e que sou traidor de Cristo e da Pátria porque ensino doutrina social cristã.

Dia 31 voltarei a conversar com os católicos serenos que ainda querem catequese espiritual e social e comportamental. Os outros já decidiram. Não querem estes livros que usamos para ensinar a fé católica.

Espero que estes católicos irados que desqualificam qualquer bispo ou padre que ousa ensinar um fiel a pensar como católicos, consigam o que querem.

Querem um Brasil direitistas ou esquerdista, porque está claro que não aceitam nenhuma pregação moderada que propõe diálogo político, social e ecumênico”.

Fonte: PNB