Após nove dias desaparecido, o adolescente Gabriel Fernandes Camargo dos Santos, de 15 anos, foi encontrado neste sábado (26) pela Polícia Civil. Ele fugiu de casa no dia 19 de novembro depois de uma briga com a mãe, Débora Camargo, 39 anos.
O jovem, que é portador de deficiência mental, estava trabalhando em uma borracharia, em Cuiabá, e foi encontrado morando sozinho em uma kitnet. Ele chegou a receber R$ 350 reais por uma semana de serviço. O bairro não foi divulgado e nem o estabelecimento comercial.
De acordo com informações da mãe do adolescente, ele saiu de casa por volta das 10h no dia do desaparecimento e não deu mais notícias. A mãe contou que no mesmo dia procurou a polícia e recebeu várias denúncias mas nenhuma foi confirmada.
Débora disse ao g1 que não teve um reencontro com o filho porque ele não aceita se encontrar com ela, e por isso está sob tutela do Conselho Tutelar, em uma Casa de Apoio em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá.
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Para ela, as investigações precisam continuar até que se elucide de que forma o jovem conseguiu se locomover, arrumar um emprego, alugar um imóvel, mesmo sendo menor de idade e com deficiência mental.
“Pedi para um investigador me ajudar, porque precisamos saber se tinha alguém com ele, porque eu acho que ele sozinho não ia tomar essa atitude. Acharam ele, mas eu preciso saber se tem alguém influenciando, porque ele não quer me ver, está falando que era espancado, maltratado e só aceita ver a pastora da igreja que ele frequenta”, contou.
Segundo Débora, a relação entre mãe e filho é conturbada. O jovem vivia desde a infância com os avós maternos, mas passou a morar com a mãe há três anos, depois da morte do avô. Ela explica que, após receber a notícia do problema de saúde, ficou muito apreensiva e passou a tentar controlar os passos do filho por medo.
Gabriel ficou 9 dias desaparecido, apesar de estar em Cuiabá, na mesma cidade onde mora — Foto: Polícia Civil
“Eu sou meio rígida, controlava ele demais. Se ele chegasse tarde, eu ligava para todos os conhecidos procurando ele. Se ele ia no mercado e demorasse, eu já brigava com ele porque queria que me avisasse, e eu acho que prendi demais ele. Desde quando ele veio, eu controlei demais porque o médico me disse que ele tinha esse problema mental, então eu acho que tentando proteger, eu sufoquei. Só que a gente bate de frente e, se eu não pegar duro, ele passa por cima de mim. Agora não quer falar comigo, nem por telefone”, completou.
Ele saiu de casa com uma bicicleta roxa. Segundo a família, ele estava vestindo uma blusa de frio branca com capuz e uma calça azul. De acordo com a Polícia Civil, o adolescente disse que queria viajar para Itaúba (PA), onde a avó dele mora.
“Eu estava desesperada e com a alma partida, sem saber se estava vivo. Agora estou triste, doeu ele não querer me ver, mas pelo menos eu sei que ele está bem. Eu consigo respirar, comer. Tirou aquele peso do meu coração”.
Sobre a deficiência, a mãe afirma que está em processo de realização de exames, mas que ainda não foram finalizados e por isso não há um diagnóstico fechado. Seria perceptível o fato de o adolescente ter um atraso mental, apesar de cursar o 1º ano de ensino médio, ou seja, estar na série devida para a sua idade.
“Existe uma parte do crânio dele que não se desenvolveu. Eu estou desempregada e estou fazendo aos poucos. Ele precisa de óculos também e eu já tinha combinado de irmos fazer os exames para comprar os óculos. Ele é um rapaz muito bonito e se você olhar, não percebe nada, só quando convive que ele tem uma leve deficiência mental. Faz pouco tempo que descobri. Ele esquece as coisas, mas é muito inteligente e trabalhador”.
Além de Gabriel, Débora é mãe de mais cinco filhos com idades de 19, 17, 13, 6 e 5 anos.
Fonte: G1 MT