Após 32 anos, hotel é concluído em Cuiabá; saiba mais

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Na altura do viaduto das avenidas Miguel Sutil e Historiador Rubens de Mendonça, uma enorme construção de concreto há mais de 30 anos intriga cuiabanos pela sua grandiosidade e o seu suposto abandono ao longo desse tempo. Nos últimos meses, uma movimentação de carros e trabalhadores no local chamou ainda mais a atenção e aguçou a curiosidade da população que quer saber mais sobre a história do local e sobre o que irá funcionar no edifício.

Há mais de 20 anos moro aqui na região e sempre me perguntei o que é esse prédio e por que esse tempo sem ocupação. É uma obra que deve ter custado muito dinheiro. A gente percebe pela sua estrutura e o local em que está né?!, afirma Suely Campos Nunes, 67.

José Paulo Miranda, 66, que também mora na região, afirma que a obra foi retomada e que há meses há uma intensa movimentação no local. Apesar disso, afirma que não tem ideia do que deverá funcionar lá e admite a curiosidade sobre o prédio. Ficou muito tempo sem uma movimentação, via sempre uma ou outra pessoa por aí, mas agora está andando e deve sair algo.

O prédio em questão é o Cuyabá Golden Hotel, que começou a ser erguido em 1990 e tinha como ambição se tornar um dos mais prestigiosos hotéis da Capital. Toda essa ambição foi mantida ao longo desse tempo e, segundo o empresário e sócio da unidade, Robério Garcia, o hotel, que teve seu modelo readequado para tendências mundiais, que está praticamente com a obra 100% pronta, faltando apenas serviços finais e ser equipado. A previsão de inauguração é a partir do segundo semestre deste ano.

Assim como era uma promessa para a época em que foi projetado, o empresário garante que o hotel trará um novo conceito atualizado em serviços para todo o Centro-Oeste. O Cuyabá Golden Hotel Spa será inovador em seu segmento.

O prédio situado num ponto privilegiado, entre duas principais avenidas de Cuiabá, e que impressiona não só pela sua estrutura em concreto, conta com mais de 160 apartamentos, estacionamento amplo, área para convenções, salas de reuniões, 3 cozinhas, piscina, entre outros pontos distribuídos em cerca de 15 mil metros quadrados.

Robério afirma que o diferencial será os serviços voltados para o setor de eventos que devem ocorrer durante o ano inteiro no local. Além disso, o hotel oferecerá exposições permanentes e diversos serviços estéticos, sauna, SPA e salão de beleza. Terá ainda restaurante e bares abertos para o público. A expectativa é de que o local, que será aberto ao público em geral, empregue mais de 150 pessoas, além das parcerias que devem ser feitas. Antigamente, o conceito de hotel era para dormir, comer e tomar banho. Agora mudou e agrega diversos serviços para que tanto o hospede, quanto a sociedade, possam usufruir. Sem isso o hotel não se viabiliza.

Lentidão e dificuldades

Apesar da aparência de paralisação e abandono durante longos anos, Robério afirma que os trabalhos nunca foram suspensos, apesar de admitir que seguissem muito lentos. A obra de grande magnitude leva investimentos na ordem de R$ 70 milhões, sendo que parte foi financiada na época do início da construção pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Esse financiamento é, segundo ele, uma das várias questões para os atrasos.

Burocracias impostas pelo incentivo do órgão na época impunham como condições a captação de sócios, porém esses sócios precisavam ser pessoas que optavam na época pelo Finan no imposto de renda.

O projeto do hotel, que foi aprovado em 1988, começou a ser construído em 1990 e atualmente conta apenas com recursos próprios.

Anos depois do acesso ao programa que tinha uma sistemática complicada à mercê de investidores, Robério explica que houve mudanças na própria Sudam e os incentivos antes angariados para a construção cessaram. Ficamos vinculados e agora não tem alternativa a não ser concluir o empreendimento.

Perguntado sobre o montante do incentivo na época, Robério explica que teria que levantar uma vez que o empreendimento passou por diversas fases da economia e planos econômicos, além de uma inflação que chegava a 80% ao mês. É preciso fazer um cálculo, mas em tese era para ser 50% Sudam e 50% empresa, mas no fim esse incentivo deve chegar a 20%.

Aquém das questões com o Sudam, ele destaca também que problemas financeiros em suas empresas no decorrer dos anos, principalmente em relação a obras da Copa de 2014, levaram o grupo do qual é sócio, a Engeglobal, a uma recuperação judicial em 2018. Agora que já concluímos todo esse processo e estamos na fase final com execução do plano, colocamos mais intensidade nos trabalhos aqui que dependem de recursos próprios.

Atrasos também ocorreram em função das mudanças no projeto arquitetônico, melhorias tecnológicas, reestruturação do empreendimento e acessibilidade que impactaram não apenas nos investimentos como no tempo de execução. Com as mudanças, o empresário aposta em uma série de serviços agregados ao empreendimento que trará fôlego para o negócio, além de torná-lo único.

Global Garden

O novo hotel é o segundo no ramo do Grupo familiar dos Garcia. O Global Garden, na avenida Miguel Sutil, que foi fechado em 2017, após 23 anos em operação, também é do grupo que pretende com um novo projeto transformar suas dependências em um espaço para abrigar um hospital. O viaduto inviabilizou o local para hotel, pretendemos adaptar o prédio para um hospital, aguardamos aprovação do projeto da Anvisa.

Mesmo diante às complicadas experiências no ramo da hotelaria, ele lembra que não tem outra saída e que a conclusão do Cuyabá Golden Hotel Spa não é mais uma questão de ser ou não um bom negócio, mas de um empreendimento que tem que ser concluído.

Fonte: Folhamax