Ao menos 15 facções criminosas têm ramificações e atuam em MT

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Brasil tem atualmente 150 facções criminosas, sendo que 10% delas têm células e atuam em Mato Grosso. Com isso, estíma-se que pelo menos 15 possuem ramificações no estado e usam a fronteira o transporte de drogas. Investigações da Polícia Federal apontam que a organização dos criminosos vão além do Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Existem facções de menor monta, como a intitulada “Família”, que foi alvo da operação Parasitas desmantelada em fevereiro deste ano pelas Forças de Segurança. As informações são do RD News.

Rodinei Crescêncio

quadro faccoes

Segundo o delegado de Combate ao Crime Organizado em Mato Grosso, da Polícia Federal, Jorge Vinícius Gobira Nunes, a PF sabe que em Mato Grosso a organização criminosa mais atuante é o Comando Vermelho embora haja sim, uma tentativa de o PCC assumir em assumir uma fatia do controle de drogas no estado. Ele exemplificou que além do CV e do Primeiro Comando da Capital existe aqui também outras facções criminosas de menor estrutura, como a investigada no início do ano na operação Parasita.

“O grupo tinha o próprio núcleo dele, que consideramos uma facção e consequentemente o crime organizado. Assim como tinha essa ‘mini’ organização, existem outras que estão sendo investigadas neste exato momento em Mato Grosso pela Policia Federal”, conta o delegado de Jorge Vinícius Gobira Nunes.

Foto: Rodinei Crescêncio

policia federal arma

O Departamento Penitenciário Nacional (Depen) afirma não ter dados oficiais e recentes sobre as facções criminosas no país. Especialistas em segurança pública e violência urbana no Brasil, no entanto, acreditam que pode haver no país cerca de 30 organizações criminosas mais poderosas com atuação dentro e fora dos presídios no Brasil.

O delegado informou que pelo menos 15 facções estão sendo investigadas nesse exato momento pela PF. Um dos pontos levantados em entrevista ao RD News é se existe a possibilidade do PCC querer assumir o controle de tráfico de drogas no estado, hoje dominado pelo CV.

“Acredito que sim. A relativamente pouco tempo o PCC assumiu o controle aí do tráfico de drogas na fronteira do nosso estado vizinho, Mato Grosso do Sul. Se isso por acaso for uma diretriz do perfil do Primeiro Comando da Capital, que é altamente organizado e temos a notícia de bem delimitada e estruturada, temos esse risco. Mas sem dúvida nenhuma não podemos esquecer que o CV cresceu muito em Mato Grosso”, pontua.

Reprodução

Jorge Vin�cius Gobira Nunes

Segundo o Gobira, o tráfico de drogas que é a principal atividade criminosa explorada pelos grupos criminosos. Uma vez que é uma atividade muito rentável. E por conta disso o CV tem crescido muito e consequentemente arregimentado mais pessoas para integrar a facção no estado.

Em janeiro de 2017 DW Brasil levantou as facções citadas em relatórios de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) e em mapeamentos mais recentes divulgados por estudiosos do tema, com base em cruzamentos de dados dos serviços de inteligência da Polícia Federal e secretarias de segurança pública estaduais. De acordo com esses dados, há pelo menos 83 organizações de presos no Brasil, a maioria com atuação estadual e local.

Esse documento apontou que naquele ano além da atuação do CV em Mato Grosso foram registradas as facções Bad Boys, Baixada Cuiabana, Comando Verde. Mas atualmente acredita-se que elas foram “engolidas” pelo Comando Vermelho. Contudo, ainda com mesmo que pouca a atuação do PCC no estado, existe a preocupação que, a partir de ordens vindas de dentro dos presídios em Mato Grosso, possa ocorrer uma guerra. O delegado pondera e diz que isso não é descartado, mas o que o Estado tem feito inúmeras ações para impedir que o fato aconteça.

Fronteira  

O delegado pontuou que várias organizações são investigadas por usarem a fronteira do Estado para passar drogas. Gobira destaca que há uma imensa dificuldade em reprimir o delito, pois Mato Grosso possui cerca de 900 quilômetros de fronteira com a Bolívia. Local este pouco habitável, com vários caminhos, denominados de “cabriteiras”, além de um imenso tráfico aéreo por pequenos aviões que voam baixo e que, muitas vezes, transportam 400 a 500 quilos de cocaína.

“Esse ano mesmo nós já conseguimos interceptar alguns aviões trazendo cocaína. Então, a dificuldade é grande. Mas nós temos aqui um agrupamento especializado em investigação de entorpecente na fronteira. E, paralelamente, um setor específico vinculado a Drecor para investigações de facções criminosas, e a Força Tarefa de Segurança Pública que funciona aqui no prédio da PF. Ela investiga especificamente facções. Essa força tem a integração de agentes da Polícia Federal, Civil, Militar e Rodoviária Federal. Então, cientes da atuação do Comando Vermelho e de outras facções criminosas aqui no estado, montamos essa força tarefa para reprimir as facções atuantes em MT”, afirma.

Fonte: RD News