O analista político Onofre Ribeiro acredita que o que está por trás da imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos é a posição que o governo do presidente Lula vem adotando no cenário geopolítico global.
A consequência imediata, na leitura do analista, é uma grave crise econômica que vai causar quebradeira, falências e aumentar o desemprego e a inadimplência.
Ao Repórter MT, Onofre destacou que a defesa reiterada de Lula para que o dólar americano seja abolido como moeda no comércio internacional pode estar por trás do tarifaço.
“Assim que o Lula assumiu, na primeira reunião do Mercosul, na Argentina, ele colocou que deveriam tirar o dólar como moeda internacional de comércio. No fundo, ele está retaliando o Lula pela questão de tirar o dólar desse papel de moeda internacional”, avalia Onofre.
Lula acena para países inimigos dos EUA
O analista ainda destacou dois pontos importantes: Lula apoiou a reeleição de Joe Biden no ano passado e, em determinado momento da campanha, disse que um novo governo Trump seria o nazismo com “outra cara”. Além disso, o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) emitir ordens judiciais para o bloqueio de conteúdos e perfis em redes sociais mexe com o brio do americano médio.
“O americano dá muita importância, uma importância que nós brasileiros não conhecemos, para a liberdade de imprensa. Tanto é que a constituição americana é pequenininha, mas tem um artigo específico que define claramente a liberdade de expressão como um valor da América, como eles falam”, destaca.
Por outro lado, Lula tem se aliado ao grupo de países que se contrapõem aos Estados Unidos e à União Europeia no cenário internacional. E, conforme Onofre, estar ao lado de China, Rússia, Coreia do Norte, Irã, Cuba, Venezuela e Nicarágua, em algum momento, vai exigir que o governo brasileiro tome uma posição, que pode afetar a sua imagem entre os países ocidentais.
“O Brasil está acenando abertamente para esse pessoal. Na reunião do Brics agora, o Brasil tomou posição pró-Irã, no bombardeio americano o Brasil tomou posição pró-Irã. Então o Brasil está tomando uma briga que não é dele. Nós não temos que nos meter lá no outro lado do mundo”, disse.
Quebradeira e desemprego: ameaça ao setor produtivo
Onofre avalia que está em construção uma narrativa que coloca o governo brasileiro como vítima de Trump, o que deve resultar em aumento da popularidade do governo. Nesse sentido, conforme o analista, o maior afetado com a situação é o setor produtivo.
“O prejuízo vai ser imediato na economia brasileira. Os números de exportação para os Estados Unidos são altos demais. Se reduzir significativamente as exportações para os Estados Unidos, quebra um mundo de emprego, tem recessão e quebradeira de empresas e inadimplência bancária”, disse.
Conforme Onofre, os setores da elite que apoiaram a eleição de Lula “para ganhar dinheiro”, vão ter que rever seus posicionamentos.
“O tempo é quem vai dizer, mas o simples discurso de vítima não vai acabar com a recessão que vem aí, especialmente o desemprego e a queda na renda”, disse.
“A gente está lidando com uma coisa muito confusa. A taxação é o que aparece no primeiro plano, mas não é só isso não”, concluiu. (Repórter MT)
