A ex-mulher do agente penitenciário Edson Batista Alves, de 35 anos, e o filho dela, de apenas 6 anos, contaram como foram torturados, ameaçados e espancados quando estavam sendo mantidos em cárcere privado pelo servidor na casa dele no bairro Alvorada, em Cuiabá.
As agressões iam além de socos e chutes, que levaram o menino a precisar colocar pinos para recuperar o braço quebrado. As vítimas tiveram a cabeça enfiada no vaso sanitário, surra com o pedaço de madeira, fio elétrico e até queimaduras com água quente.
Em reportagem da TV Centro América, afiliada a TV Globo, a mulher contou que durante uma das sessões de espancamento o ex teria ameaçado enfiar a cabeça dela no vaso sanitário. Ao escutar a ameaça, em defesa da mãe, o menino disse “não faz isso com ela, faz comigo”. E ele fez.
Mas em conversa com o garoto, que em outro momento disse que “tinha que aguentar” (as agressões) para ajudar a mãe, o menor afirmou que ela também passou pela situação de ter a cabeça enfiada no vaso sanitário.
A vítima relatou ainda que em outra surra, além de socos e chutes, Edson quebrou um cabo de rodo na cabeça dela e usou o cabo do carregador da tornozeleira eletrônica, que ele usa, para bater nela.
Para tentar esconder hematomas na criança, Edson tentou diminuir as marcas com água quente, que caiu sobre o corpo do menino e deixou as marcas de queimadura.
O último espancamento foi na madrugada de quarta-feira (20), quando a mãe do menino estava sendo agredida pelo marido e o acusado percebeu que o menino estava acordado, momento em que partiu para cima da criança.
O garoto apanhou tanto que caiu desacordado, foi levado ao hospital, onde constataram que um dos braços estava quebrado. A criança teve que passar por cirurgia para colocar pinos na região fraturada.
A libertação
A mulher contou que para conseguir fugir do agressor, aproveitou um jantar que tiveram na casa de amigos do agente na quarta-feira (20). Ela esperou a oportunidade do namorado ir ao banheiro para fugir da casa, quando conseguiu chamar um carro por aplicativo e foi direto para uma base da Polícia Militar (PM), onde foram socorridos.
Edson conseguiu rastrear o celular da vítima e começou a rondar a base da PM tentando recapturar, mas acabou sendo preso na região durante a madrugada de quinta-feira (21).
Edson, que é agente do SOE (Serviço de Operações Especiais), estava afastado do trabalho justamente por outros crimes de violência doméstica e era monitorado por tornozeleira eletrônica.
O agressor passou por audiência de custódia e o juiz converteu o flagrante em prisão preventiva. Em seguida o servidor foi encaminhado a um presídio militar, em Santo Antônio de Leverger.
Entenda o caso
A ex, que é de Rondonópolis (212 km da Capital), disse à polícia, no dia da fuga, que estava namorando Edson há três meses e veio com o filho para a Capital visitar o namorado há duas semanas e desde então ela e o filho passaram ser mantidos presos na casa dele, logo no início ele começou a ser agressivo, mas a partir da segunda semana a violência passou a ser pior.
A mulher explicou ainda que o agente ameaçou o filho de morte caso denunciassem ele à polícia. E agora é o que ela mais teme caso o acusado seja solto em algum momento.
“Ele tem que ficar preso, porque ele vai vir atrás de mim, ele vai vir atrás das outras meninas, ou ele vai fazer novas vítimas. Ele não vai parar”, disse ela.
Outras denúncias
Ao todo, o acusado tem seis denúncias contra ele, entre namoradas e esposas.
Elas contaram que também foram muito humilhadas e agredidas. E que quando eram espancadas ele as obrigava a pedir desculpas.
Outra particularidade que as vítimas contaram é que Edson marcava hora no tatuador, buscava a namorada ou mulher e as acompanhava na sessão, onde eram obrigadas a tatuar o nome dele. Por medo das surras, elas aceitavam.
Em uma delas, ele mandou que tatuasse nome, sobrenome e terminasse com um coração. “Edson AlvesS2”.
Fonte: Repórter MT