O advogado Marcos Vinícius Borges é acusado de obter vantagem de clientes ao cobrar valores acima dos honorários previstos com a justificativa de que o dinheiro seria utilizado para pagar propina a policiais e delegados em Sinop, a 500 km de Cuiabá, segundo ação do Ministério Público Estadual (MPE).
Marcos responde a um processo e está sendo alvo de protesto por parte dos policiais que estão revoltados com o caso.
Nas redes sociais, o advogado ostenta uma vida de luxo. À reportagem, ele afirma que é resultado do trabalho dele. “Existe usufruto de uma vida compatível com o trabalho de um profissional que atua em mais de seis estados do Brasil”, se defendeu.
Ao g1, o advogado Marcos Vinícius disse que nunca houve nenhuma apropriação indevida de dinheiro dos seus clientes, e que, inclusive, já obteve uma decisão favorável na esfera cível, em um processo com essa mesma acusação. Ele afirma que possui muitos clientes e que só três fizeram essas denúncias.
Policiais colocaram uma faixa em frente ao prédio da OAB em Sinop — Foto: Divulgação
Nessa terça-feira (14), uma manifestação realizada em frente à Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso (OAB-MT), em Sinop.
“Fui acionado pelos policiais de Sinop para acompanhar a situação envolvendo o advogado Marcos Vinicius Borges. Consta que o referido advogado tem o costume de captar clientes indevidamente no interior da delegacia se utilizando artifícios antiéticos, provocando situações de afronta e desrespeito aos policiais que exigem o cumprimento das normas”, disse o presidente do Sindicato dos Investigadores de Polícia do Estado de Mato Grosso, Glaucio Castanõn.
Ele disse que o advogado já provocou discussão e atritos com vários policiais. “Ele tem a prática de após provocar iniciar gravação de vídeos os quais são manipulados e publicados em redes sociais, além disso ele responde a processos judiciais e existem várias denúncias que ainda estão sendo investigadas”, explicou Castanõn.
Sobre o protesto, o advogado alega que não se surpreende uma vez que já denunciou diversos policiais baseados em documentos, tanto no Ministério Público, quanto na Corregedoria da Polícia Civil.
Em um dos casos, o MPE relata que o advogado cobrou R$ 3 mil para liberar um cliente preso por conduzir veículo embriagado. A vítima alegou não ter o dinheiro, mas ofereceu uma moto, avaliada na época em R$ 20 mil.
“Na ocasião, Marcos Vinícius, para buscar convencer a vítima e justificar o alto valor, alegou que parte do dinheiro também seria repassado aos policiais responsáveis do plantão para adiantarem e facilitarem sua soltura”, pontuou a promotora Roberta Cheregati Sanches.
Quanto às gravações citadas pelo presidente do Sindicato, o advogado confirma que realmente faz as gravações sempre que vê algo que entende ser ilícito praticado por algum policial contra seu cliente.
‘”Em 36 anos de idade e sete de vida profissional, jamais fui condenado em nenhum processo criminal, bem como em nenhum processo ético-disciplinar”, declarou o advogado Marcus Vinícius.
Advogado Marcos Vinícius Borges — Foto: Arquivo pessoal
Nas duas situações seguintes relatadas pela promotora, o advogado agia da mesma forma.
Segundo o MP, quando os clientes se recusavam a pagar valores destinados como “gorjeta para dar aos policiais que estariam de plantão para fazerem vistas grossas”, ele ligava para familiares.
Sobre os valores cobrados, o advogado alega que a OAB não define um teto de honorário, ou seja, cabe ao profissional estabelecer seus honorários, baseados nos seus estudos, conhecimento e, de acordo com resultados obtidos.
No dia 25, o juiz Mário Augusto Machado rejeitou um recurso impetrado por Marcos Vinícius e marcou audiência de instrução e julgamento para o dia 8 de fevereiro de 2022.
Fonte: G1 MT